ONU mostra como países podem acessar fundos do clima
Guia das Nações Unidas revela que apenas 10% dos US$ 243 bilhões arrecadados para o clima foram investidos em países fora do G20, e explica que muitas nações pobres não sabem administrar seus mecanismos de financiamento climático.
A criação de ferramentas para investir no combate às mudanças climáticas como o Fundo Verde Climático (GCF) pode parecer a solução para o aquecimento global, mas é apenas o primeiro passo para resolvê-lo. Segundo o novo guia da ONU sobre a gestão de financiamentos climáticos, apesar da arrecadação para lidar com o problema estar acontecendo, poucos países sabem de fato como conduzir seus fundos e onde buscar dinheiro para o clima. Com o lançamento do relatório, espera-se que os países avancem mais uma etapa para decidir a questão.
O documento, intitulado Blending Climate Finance through National Climate Funds (algo como Harmonizando as finanças climáticas através dos fundos climáticos nacionais) e lançado nesta quarta-feira (14), indica que hoje em dia, há mais de 50 fundos públicos, 45 mercados de carbono e mais de seis mil fundos de capital privado para arrecadar dinheiro para as ações climáticas.
Através dos fundos climáticos nacionais, os países podem acessar mais financiamentos e acelerar sua resposta às mudanças climáticas. Isso pode ser uma grande contribuição para manter o mundo em um caminho mais limpo, equitativo e sustentável, declarou Olav Kjorven, diretor de políticas de desenvolvimento do PNUD.
No entanto, apesar do grande número de mecanismos climáticos, muitos países não sabem como e onde buscar financiamentos para as ações climáticas em seus territórios, e como administrá-los uma vez que eles são arrecadados.
Os requerimentos, processos e relatórios associados com os muitos fundos podem ser confusos e opressivos. Países são confrontados com o desafio de como identificar quais fundos são apropriados para eles, como coordenar as ações financiadas por eles, e como desenvolver os métodos para monitorar e avaliar os resultados, explica o guia.
Os países estão começando a pensar Como podemos nos preparar para isso? Como podemos ser os primeiros? Como podemos ter certeza de que dispomos de tudo para acessar esses fundos rapidamente? , ilustrou Cassie Flynn, especialista em políticas de mudanças climáticas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Por isso, o PNUD desenvolveu o documento como forma de auxiliar as nações, em especial as emergentes, a procurarem e encontrarem financiamentos para seus projetos de combate às mudanças climáticas.
Se as pessoas (doadores e sociedade civil) souberem onde os fundos estão, como eles são canalizados, e que então há critérios específicos para que os fundos sejam monitorados, reportados e verificados, acho que vai se trilhar um caminho para a transparência, afirmou Flynn.
Queremos que todos sejam capazes de acessar esses fundos, e realmente aperfeiçoar o uso deles. Queremos que a extensão desse dinheiro seja a maior possível, e que chegue aos países que realmente precisam disso, acrescentou a especialista.
E o momento parece ser realmente propício para os financiamentos deste tipo. De acordo com o PNUD, entre 2009 e 2010 a arrecadação para projetos de energia limpa aumentou 30%, batendo o recorde de US$ 243 bilhões.
Estamos agora em um período muito importante das mudanças climáticas; os países estão prometendo mais dinheiro do que nunca, disse Flynn. E segundo ela, não se trata apenas da quantidade de dinheiro, mas também de como o dinheiro é usado e quão facilmente ele pode colocar as ações reais em prática.
No entanto, o documento aponta que ainda há muitas disparidades na distribuição destes fundos. Para se ter uma ideia, apenas 10% do total de investimentos arrecadados foram aplicados em países fora do grupo das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia (G20).
É espantoso, considerando quanto dinheiro há na jogada há uma diferença real entre quais países estão coletando esses fundos e quais países estão sendo capazes de acessá-los. Infelizmente nem todos os países têm o mesmo acesso a eles, lamentou Flynn.
Mas o PNUD espera que o lançamento do guia ajude os países a aperfeiçoarem a gestão do financiamento climático. Estamos dando aos governos uma receita de como acessar mais financiamentos e como melhorar a gestão de atividades de mudanças climáticas. Esse guia pode mudar fundamentalmente a forma como os governos planejam, financiam e aplicam suas políticas climáticas, definiu Kjorven.
O GCF e os investimentos privados
O lançamento do guia do PNUD vai ao encontro da recente declaração do Comitê de Transição do Fundo Verde Climático, que afirmou que o projeto do mecanismo, que deve entrar em vigor em 2012, está fazendo progresso.
Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), disse, no encontro de três dias do Comitê em Genebra, na Suíça, que os avanços foram feitos no sentido de como a ferramenta irá funcionar na prática.
A rápida operacionalização do Fundo Verde Climático será especialmente importante para os países emergentes vulneráveis, já que uma parte significativa do novo financiamento multilateral para a adaptação deve passar pelo Fundo.
Figueres também enfatizou a importância do setor privado no combate às mudanças climáticas através do investimento nos fundos e do financiamento a projetos climáticos e tecnologias limpas, dizendo que as empresas precisam dar um salto gigante para fazer esses investimentos.
Um grupo de companhias sérias tem uma voz muito mais forte e opera em mais unissonância, mas ainda está preso a tecnologias e combustíveis de ontem. Se você não tem uma voz igualmente orquestrada, os governos vão tomar decisões tímidas, ressaltou a secretária executiva da UNFCCC.
Ela citou ainda que a crise econômica não deve servir como desculpa para desestimular ou interromper o investimento em alternativas limpas. O salto gigante tem que se basear na visão, na disponibilidade de capital, na capacidade executiva e no apoio político.
Apesar da recessão, uma análise da instituição Carbon Disclosure Project publicada nesta quarta-feira sugere que há uma forte correlação entre alto desempenho financeiro e o engajamento climático.
No entanto, Ian Cheshire, diretor executivo de varejo do Grupo Kingfisher, acredita que ainda não há muito investimento privado para combater as mudanças climáticas pois este é um segmento que ainda é considerado arriscado.
Muitas companhias não estão correndo riscos suficientes porque elas não têm confiança suficiente de que investimentos climáticos possam fornecer retornos adequados. Precisamos de uma diferença de salto gigante, o que vai contra a natureza de muitas empresas, e isso pode ser o problema, sugeriu Cheshire.
CarbonoBrasil.
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A criação de ferramentas para investir no combate às mudanças climáticas como o Fundo Verde Climático (GCF) pode parecer a solução para o aquecimento global, mas é apenas o primeiro passo para resolvê-lo. Segundo o novo guia da ONU sobre a gestão de financiamentos climáticos, apesar da arrecadação para lidar com o problema estar acontecendo, poucos países sabem de fato como conduzir seus fundos e onde buscar dinheiro para o clima. Com o lançamento do relatório, espera-se que os países avancem mais uma etapa para decidir a questão.
O documento, intitulado Blending Climate Finance through National Climate Funds (algo como Harmonizando as finanças climáticas através dos fundos climáticos nacionais) e lançado nesta quarta-feira (14), indica que hoje em dia, há mais de 50 fundos públicos, 45 mercados de carbono e mais de seis mil fundos de capital privado para arrecadar dinheiro para as ações climáticas.
Através dos fundos climáticos nacionais, os países podem acessar mais financiamentos e acelerar sua resposta às mudanças climáticas. Isso pode ser uma grande contribuição para manter o mundo em um caminho mais limpo, equitativo e sustentável, declarou Olav Kjorven, diretor de políticas de desenvolvimento do PNUD.
No entanto, apesar do grande número de mecanismos climáticos, muitos países não sabem como e onde buscar financiamentos para as ações climáticas em seus territórios, e como administrá-los uma vez que eles são arrecadados.
Os requerimentos, processos e relatórios associados com os muitos fundos podem ser confusos e opressivos. Países são confrontados com o desafio de como identificar quais fundos são apropriados para eles, como coordenar as ações financiadas por eles, e como desenvolver os métodos para monitorar e avaliar os resultados, explica o guia.
Os países estão começando a pensar Como podemos nos preparar para isso? Como podemos ser os primeiros? Como podemos ter certeza de que dispomos de tudo para acessar esses fundos rapidamente? , ilustrou Cassie Flynn, especialista em políticas de mudanças climáticas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Por isso, o PNUD desenvolveu o documento como forma de auxiliar as nações, em especial as emergentes, a procurarem e encontrarem financiamentos para seus projetos de combate às mudanças climáticas.
Se as pessoas (doadores e sociedade civil) souberem onde os fundos estão, como eles são canalizados, e que então há critérios específicos para que os fundos sejam monitorados, reportados e verificados, acho que vai se trilhar um caminho para a transparência, afirmou Flynn.
Queremos que todos sejam capazes de acessar esses fundos, e realmente aperfeiçoar o uso deles. Queremos que a extensão desse dinheiro seja a maior possível, e que chegue aos países que realmente precisam disso, acrescentou a especialista.
E o momento parece ser realmente propício para os financiamentos deste tipo. De acordo com o PNUD, entre 2009 e 2010 a arrecadação para projetos de energia limpa aumentou 30%, batendo o recorde de US$ 243 bilhões.
Estamos agora em um período muito importante das mudanças climáticas; os países estão prometendo mais dinheiro do que nunca, disse Flynn. E segundo ela, não se trata apenas da quantidade de dinheiro, mas também de como o dinheiro é usado e quão facilmente ele pode colocar as ações reais em prática.
No entanto, o documento aponta que ainda há muitas disparidades na distribuição destes fundos. Para se ter uma ideia, apenas 10% do total de investimentos arrecadados foram aplicados em países fora do grupo das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia (G20).
É espantoso, considerando quanto dinheiro há na jogada há uma diferença real entre quais países estão coletando esses fundos e quais países estão sendo capazes de acessá-los. Infelizmente nem todos os países têm o mesmo acesso a eles, lamentou Flynn.
Mas o PNUD espera que o lançamento do guia ajude os países a aperfeiçoarem a gestão do financiamento climático. Estamos dando aos governos uma receita de como acessar mais financiamentos e como melhorar a gestão de atividades de mudanças climáticas. Esse guia pode mudar fundamentalmente a forma como os governos planejam, financiam e aplicam suas políticas climáticas, definiu Kjorven.
O GCF e os investimentos privados
O lançamento do guia do PNUD vai ao encontro da recente declaração do Comitê de Transição do Fundo Verde Climático, que afirmou que o projeto do mecanismo, que deve entrar em vigor em 2012, está fazendo progresso.
Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), disse, no encontro de três dias do Comitê em Genebra, na Suíça, que os avanços foram feitos no sentido de como a ferramenta irá funcionar na prática.
A rápida operacionalização do Fundo Verde Climático será especialmente importante para os países emergentes vulneráveis, já que uma parte significativa do novo financiamento multilateral para a adaptação deve passar pelo Fundo.
Figueres também enfatizou a importância do setor privado no combate às mudanças climáticas através do investimento nos fundos e do financiamento a projetos climáticos e tecnologias limpas, dizendo que as empresas precisam dar um salto gigante para fazer esses investimentos.
Um grupo de companhias sérias tem uma voz muito mais forte e opera em mais unissonância, mas ainda está preso a tecnologias e combustíveis de ontem. Se você não tem uma voz igualmente orquestrada, os governos vão tomar decisões tímidas, ressaltou a secretária executiva da UNFCCC.
Ela citou ainda que a crise econômica não deve servir como desculpa para desestimular ou interromper o investimento em alternativas limpas. O salto gigante tem que se basear na visão, na disponibilidade de capital, na capacidade executiva e no apoio político.
Apesar da recessão, uma análise da instituição Carbon Disclosure Project publicada nesta quarta-feira sugere que há uma forte correlação entre alto desempenho financeiro e o engajamento climático.
No entanto, Ian Cheshire, diretor executivo de varejo do Grupo Kingfisher, acredita que ainda não há muito investimento privado para combater as mudanças climáticas pois este é um segmento que ainda é considerado arriscado.
Muitas companhias não estão correndo riscos suficientes porque elas não têm confiança suficiente de que investimentos climáticos possam fornecer retornos adequados. Precisamos de uma diferença de salto gigante, o que vai contra a natureza de muitas empresas, e isso pode ser o problema, sugeriu Cheshire.
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