Relações Internacionais e Agenda Ambiental: a securitização do Aquecimento Global

Data: 31/08/2011

Bruno P. Vieira*

Considerando o expansionismo da agenda das Relações Internacionais, percebe-se como a questão ambiental vem se firmando como campo de estudos. A sua inserção condensou-se mais precisamente na década de 1960, momento este em que a sociedade começava a ter evidências do aumento da temperatura em todo o globo. Ao mesmo tempo, as Relações Internacionais viu surgir em seu campo teórico o alargamento de novas perspectivas apontando que o Estado não era o único ator no cenário internacional e em consonância com tal momento crescia a atuação de outros atores, representados principalmente pelas ONGs e sociedade civil.

Um dos resultados da crescente valorização da temática ambiental é apontado como a criação do Protocolo de Kyoto no ano de 1997, um acordo internacional cujo objetivo é criar metas de desenvolvimento sustentável, para que os Estados diminuam a emissão de gases causadores do Efeito Estufa, reduzindo desta maneira o agravamento do aumento da temperatura.

O Protocolo de Kyoto assinala a securitização do Aquecimento Global, ou seja, significa considerar que não se trata de um problema centrado no espaço doméstico de cada Estado e sim uma questão pública de amplitude internacional que coloca em risco a sobrevivência dos Estados, sociedade e planeta.

Visto a partir desta ótica, o Aquecimento Global pode ser alavancado à posição de questão de segurança internacional, a partir do momento em que não é preciso representar de fato uma ameaça existencial aos Estados e sim apresentar-se por meio, por exemplo, da prática discursiva como tal ameaça. Ainda que hajam vozes destoantes, predomina o discurso da necessidade dos Estados adotarem mecanismos de desenvolvimento sustentável, visando mudanças no atual modelo produtivo.

Nota-se neste recente processo de securitização do Aquecimento Global a adoção de medidas institucionalizadas para combatê-lo, bem como as suas consequências, através de acordos internacionais como o Protocolo de kyoto, mas também de práticas comuns para impedir que o aumento das temperaturas persistam e continuem a gerar inúmeros ônus ao planeta como um todo.

*Bruno P. Vieira é administrador de empresas

(Instituto CarbonoBrasil)




< voltar