Sustentabilidade no ambiente financeiro

Data: 29/08/2011
Por Denise Hills, Superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco

No contexto em que vivemos atualmente, com as cidades brasileiras cada vez mais inchadas – mais de 84% da população brasileira vive em zonas urbanas segundo o último censo do IBGE – e expansão da economia, em que as projeções apontam um aumento de cerca de 4% em 2011, falar sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente não é mais assunto apenas para os ambientalistas. O crescimento das cidades e da economia como um todo gera grandes impactos ambientais, como maior emissão de gases, produção de lixo e degradação das matas, que afetam a todos, indistintamente.
Assim, a pauta sobre meio ambiente deve ser tema de discussão não somente no governo, mas também nas escolas, nas empresas e na sociedade como um todo. Como atuo na área financeira, proponho-me a destacar qual é o papel das instituições financeiras.
É sabido que os bancos são viabilizadores econômicos de projetos de pequenas, médias e grandes empresas, seja por meio de investimentos ou financiamentos. E o desafio que temos pela frente é como ser um agente de transformação viabilizando boas práticas socioambientais.
As instituições financeiras não têm o poder fiscalizador, isso é função do governo, mas podem ser um agente catalisador, incentivando as empresas a inserirem aspectos socioambientais em sua gestão, nos seus projetos de expansão ou na construção de novas unidades. Identificar essas oportunidades é uma forma de estimular a sustentabilidade dos clientes e, ao mesmo tempo, inserir o tema no dia a dia dos negócios do banco.
Linhas de financiamento específicas, apuração de riscos socioambientais nas operações, seguros ambientais e análise socioambiental nos investimentos são algumas formas encontradas pelos bancos para influenciar sua cadeia de clientes e fornecedores, entretanto as instituições financeiras podem ir além.
Uma forma é dialogar com as empresas parceiras atuando como advisory, mostrando oportunidades de melhoria, especialmente para aquelas que estão pouco sensibilizadas ao tema. Entretanto, trata-se de um longo caminho, tanto para os bancos, quanto para as empresas, pois não basta ter um processo ou um produto. A linha de frente, a área comercial, tem que entender a importância do tema, ter argumentos e conseguir identificar, assertivamente, como a empresa parceira minimiza seus impactos ambientais e sociais negativos.
Outra forma é potencializar companhias, no Brasil e no mundo, que pioneiramente estão desenvolvendo tecnologias e projetos diferenciados em prol do meio ambiente. Isso pode ser feito por meio de parcerias com universidades, fundos ou private equity ou por outras formas, dependendo da criatividade de cada instituição financeira.
Os bancos europeus e alguns americanos estão na vanguarda desse movimento, inclusive alguns, trabalhando de forma colaborativa. Goldman Sachs, Standard Chartered, JP Morgan e Triodos Bank são alguns exemplos de bancos que lideram esse movimento.
As instituições financeiras estão buscando alternativas para promover a sustentabilidade nas empresas, mas não podemos esquecer que as organizações são feitas por pessoas, e são elas que farão a diferença! Incluir a sustentabilidade na tomada de decisões é reconhecer que a empresa está inserida num contexto que tem impactos sobre os negócios, mas sensibilizar e engajar os indivíduos é um investimento que todas as empresas devem fazer. Afinal de contas é a mudança de nosso padrão de consumo e de nossas atitudes que contribuirá para que desperdicemos menos os recursos naturais.

No caminho certo
Recentemente, recebemos uma notícia que nos mostrou que estamos indo na trajetória correta. No dia 16 de junho, o Itaú Unibanco foi eleito, em Londres, o Banco Mais Sustentável do Mundo no prêmio “2011 FT/IFC Sustainable Finance Awards”, concedido pelo jornal britânico Financial Times e pelo IFC (International Finance Corporation), braço financeiro do Banco Mundial. Esse reconhecimento comprova o foco na integração da sustentabilidade de forma transversal nas áreas de negócio, reforçando nosso foco em performance sustentável. O Itaú Unibanco procura combinar consistente desempenho financeiro com atitudes que privilegiam a ética, a transparência no relacionamento com clientes, colaboradores, acionistas e comunidade. Estamos comprometidos com princípios sólidos de atrelar o tema aos negócios da organização.
Foi exatamente este o ponto destacado na premiação, o compromisso das instituições financeiras em tornar a sustentabilidade uma parte central de seus negócios. Especialmente neste setor, em que a atividade em si não causa impactos ambientais diretos, mas que pode atuar de forma significativa. A análise de risco socioambiental para crédito como ferramenta estratégica de gestão de risco e na análise de investimentos, citada anteriormente, além de produtos inclusivos como microcrédito e crédito universitário e o foco no relacionamento com o cliente foram aspectos essenciais apontados pela comissão julgadora para a concessão do reconhecimento ao banco.
A nova visão do Itaú Unibanco lançada em 2010 – ser o banco líder em performance sustentável e em satisfação dos clientes – também foi citada como ponto positivo para a premiação. E, ainda, foi reconhecido todo o histórico de compromissos e pactos que assumimos nos últimos anos, como Princípios do Equador e Princípios para o Investimento Responsável (PRI), Pacto Global e Carbon Disclosure Project.
O FT/IFC Sustainable Finance Awards é um dos reconhecimentos mundiais mais relevantes na área da sustentabilidade e há cinco anos elege as instituições financeiras focadas no desenvolvimento sustentável. A edição de 2011 obteve um recorde de 187 inscrições de 161 instituições em 61 países.
O banco também foi escolhido como Mais Sustentável das Américas, concorrendo com instituições da Argentina e do México. Em 2009 e 2010 o Itaú Unibanco já havia recebido o prêmio na categoria Banco Mais Sustentável da América Latina e de Mercados Emergentes.
Este prêmio é mais uma prova de que a atuação de um banco, do sistema financeiro em si, ou de qualquer área de atividade econômica pode e deve ter compromissos e ações focadas na sustentabilidade.

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