Ceará busca intercâmbio com a Irlanda e anuncia R$ 4 milhões para o setor de TIC

O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) do Ceará, com três doutorados, quatro mestrados e algumas empresas de atuação nacional, é alvo de incentivos para crescer, anunciados nesta quarta-feira (24). Um edital de R$ 14 milhões para cinco setores estratégicos - TIC e outros quatro - será lançado em setembro pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), que assinou protocolo de intenção com o Digital Enterprise Research Institute (Deri), da Irlanda, para intercâmbio de alunos, pesquisadores e empresas entre os dois países.



O presidente do Deri, Stefan Decker apresentou a instituição irlandesa de pesquisa e desenvolvimento na Web em seminário realizado com empresários e pesquisadores da área de TIC local. São direcionados aos setores de TIC cerca de R$ 4 milhões do edital de R$14 milhões do Fundo de Inovação Tecnológica (FIT). O mesmo cabe a cada uma das demais áreas contempladas: energias renováveis; fármacos e equipamentos médicos; mineração; e agropecuária, que inclui piscicultura e carcinocultura, informou o presidente da Funcap, Tarcísio Pequeno.



Pequeno observou que não basta lançar edital, e defendeu a necessidade de fazer um trabalho sistemático e de qualificar melhor o setor de TIC para ter foco, se organizar melhor e que das universidades surjam empresas spin-off. Segundo o presidente da Funcap, não tem sequer um professor estrangeiro da área de TIC na academia. "O setor acadêmico e científico e as empresas precisam interagir de modo muito mais intenso e os doutorados precisam crescer", conclamou.



O protocolo assinado por Tarcísio Pequeno, Augusto Guimarães e Vasco Furtado, da Funcap, Stefan Decker, Carlos Matos (Fiec) e Alexandre Menezes, coordenador da Câmara Setorial de TIC, está aberto à adesão de universidades e empresas. Stefan Decker disse que o Deri está disposto a receber alunos e tem muito interesse no intercâmbio de pesquisadores. Ele também acenou com a possibilidade de empresas locais adaptarem às suas necessidades diárias das aplicações da plataforma de Web de dados usada pelo Deri.



"Podemos mudar a Web como é agora e levá-la para onde queremos", disse Stefan Decker, que aponta em direção à rede que não é só documento, a web do conhecimento onde cada evento fim está conectado com o outro, as informações conectadas. Segundo ele, empresas e governos estão republicando na Web os seus dados de forma interligada, num volume que dobra de tamanho a cada dez meses. "Sabemos que a Web de dados está chegando. As coisas estão indo nesta direção. A melhor maneira é aceitar esses conceitos novos e criar oportunidades no planeta", afirmou.



O Deri, com sede em Galway, 140 pesquisadores, faz o link entre cientistas, engenheiros da indústria e empresas, realiza pesquisa básica na Web e também comercialização. Mantem parcerias com a Cisco, Avaya, Alcatel-Lucent, Bell Lab, Ericsson e outras empresas. A ferramenta Resource Description Framework (RDF) ajuda a identificar objetos e redefine a relação entre eles. "O Deri quer ser reconhecido entre os líderes da ciência na web", disse Decker.



Os produtos criados em colaboração com a indústria quase na íntegra são de fontes abertas, observou o presidente do Deri. As pesquisas e aplicações são realizadas em áreas de mineração de informações, colaboração semântica, educação a distância, cuidados de saúde e ciências da vida, negócios e serviços financeiros e e-Gov. Após o debate que se seguiu à palestra de Decker, os empresários de TIC propuseram a Vasco Furtado uma reunião para discutir o conteúdo edital relacionado ao segmento e ficou de ser agendada na Fiec uma data com Tarcísio Pequeno.

(o Jornal da Ciência)





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