Vanuatu sedia encontro sobre adaptação às mudanças climáticas

Data: 08/08/2011

As regiões das ilhas do Pacífico são algumas das mais atingidas pelas mudanças climáticas, mas a julgar pelas ações da população dessas áreas, não falta iniciativa para contornar o fenômeno. Na próxima semana, 13 países insulares do Pacífico se encontrarão para discutir os progressos de seus planos de adaptação ao clima. Quem sabe tais empreendimentos possam inspirar os grandes emissores de CO2 a tomarem mais atitudes a respeito das mudanças climáticas.

As nações se reunirão em Port Vila, capital de Vanuatu, sob a Adaptação do Pacífico às Mudanças Climáticas (PACC em inglês), programa criado há três anos que custeia e apoia projetos de adaptação às alterações do clima nas ilhas Pacíficas nos setores de gestão costeira, produção e segurança de alimentos e gestão dos recursos hídricos.

A PACC é financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF em inglês) e implementada pela Secretaria do Programa Ambiental Regional do Pacífico (SPREP) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“Estamos ansiosos para sediar esse evento, que vai nos ajudar a avaliar como podemos fornecer mais apoio aos nossos países membros. Esperamos que essa reunião ajude o projeto a ser bem sucedido em termos de trabalho realizado em diferentes países, assim como de processos políticos, técnicos e operacionais que precisam ser anexados”, declarou Taito Nakalevu, gerente de projeto da PACC.

No evento, que acontece entre os dias oito e doze de agosto, serão discutidos os progressos atingidos nos planos de adaptação às mudanças climáticas, e serão feitas apresentações para compartilhar as experiências e os aprendizados dos programas.

Cada ilha ou grupo de ilhas tem um projeto diferente de adaptação às mudanças climáticas. Enquanto as Ilhas Cook, a Micronésia, a Samoa e Vanuatu têm planos para fortalecer a gestão das zonas costeiras, as Ilhas Marshall, Niuê, Tuvalu e Tonga trabalham em programas para lidar com a gestão de recursos hídricos. Já Fiji, Palau, Papua Nova Guiné e as Ilhas Salomão estão implementando projetos de auxílio à produção e à segurança alimentar.

“Esse projeto é o primeiro em que se está realmente fazendo um trabalho prático para lidar com os impactos causados pelas mudanças climáticas. Queremos garantir o seu sucesso, já que ultimamente qualquer atividade que ajude o povo do Pacífico a se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas contribui para a sobrevivência da nossa região”, afirmou Nakalevu.

Vanuatu

Nos próximos meses, o arquipélago de Vanuatu finalizará sua primeira Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC). Com apoio do Secretariado da Comunidade do Pacífico e da Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (SPC-GIZ), o plano visa atenuar algumas das consequências das alterações climáticas no país.

“Em desenvolvimento nos últimos seis meses, a ENAAC foi submetida a consultas do governo, ONGs, comunidades e indústrias. Ela contém as melhores previsões sobre as mudanças climáticas, uma análise das instituições e das políticas de governança das mudanças climáticas, e, o mais importante, recomendações detalhadas de como os setores nacionais podem se adaptar às mudanças climáticas”, explicou Christopher Bartlett, assessor técnico do programa.

“Essas recomendações não vêm dos países desenvolvidos, ou mesmo de outros países do Pacífico. Em vez disso, as mais de 600 medidas de adaptação recomendadas contidas na nova ENAAC vêm de dentro de Vanuatu, e estão validadas pela experiência das kastom [práticas tradicionais"> das comunidades, do conselho de empresários locais inovadores, e da perícia do governo”, acrescentou Bartlett.

“Já estamos percebendo as mudanças climáticas, mas estamos tentando encontrar maneiras de contornar isso”, disse Charles Ling, da ilha de Mota Lava. “Estamos nos adaptando a extremos climáticos há centenas de anos em Vanuatu. Temos nosso kastom para lidar com o tempo, mas as mudanças climáticas estão nos fazendo trabalhar mais do que nunca e mudar a forma como vivemos”, enfatizou Matu Iesul, da ilha de Tanna.

De acordo com Bartlett, o projeto se fundamenta basicamente em fazer previsões das mudanças que virão e criar meios práticos para a adaptação. “Por exemplo, se o Departamento de Meteorologia prediz que o próximo ano será seco, os fazendeiros podem se adaptar, plantando em suas hortas colheitas tolerantes à seca, como o inhame, evitando plantar colheitas que requerem muita água, ou também começando a pensar em irrigação”.

(Instituto CarbonoBrasil)




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