Ilustração Científica: Carreia Embrionária no Brasil

Data: 15/07/2011
A ilustração científica no Brasil ainda é uma carreira embrionária, precisa de apoio ministerial e das agências de fomento e divulgação da própria existência no País. Com essa opinião, Diana Carneiro proferiu uma conferência sobre o tema na 63ª Reunião Anual da SBPC. A bióloga, ilustradora científica e associada ao Centro de Ilustração Botânica do Paraná, que lançará o livro 'Ilustração Botânica: Princípios e Métodos', em setembro, apresentou historicamente a trajetória da ilustração científica no mundo e no Brasil, num recorte temporal de longa duração, ressaltando a importância da atividade como arte e instrumento facilitador do processo do conhecimento.



Diana abordou o período da pré-história ao medievo, onde encontram-se ilustrações com riscados, talhados, pena, pincel e tinta, esta produzida com gordura animal e pigmentos de pedras e moluscos, informando que o primeiro livro científico ilustrado que se tem registro data do século VI, o Codex Vindobonensis. Ela explicou ainda que na Renascença os trabalhos eram realizados com lápis, pena, pincel, tinta, xilogravuras impressas mono e policrômicas, passando pelos estudos de Leonardo da Vinci e pelo Maneirismo e Barroco, com gravuras em metal e aquarela sobre papel.



Diana falou também sobre a popularização da ilustração científica em postais, quadros, tecidos, louças, ocorrida no século XIX, com os movimentos do Neoclassicismo, Realismo e Naturalismo. Estes utilizavam técnicas de aquarela, guache, óleo, gravura em metal, xilogravura e impressão off set (em quatro cores). Mas a profissionalização do trabalho aconteceu apenas no século XX, sendo todos esses métodos são válidos e importantes para a ilustração científica.



De acordo com Diana, alguns ilustradores são parte da história brasileira como Langsdorf, Taunay, Rugendas, João Barbosa Rodrigues (considerado o pai da ilustração científica no País), Maria Werneck de Castro, Etienne Demonte, Álvaro Nunes e Margareth Mee (1909 - 1988) que foi um expoente da ilustração botânica e divulgadora da importância deste trabalho para a sociedade em geral.



Segundo a conferencista, ainda não há disciplinas e setores universitários que resgatem a ilustração científica; contudo, já existem movimentos recentes como a criação de centros de ilustração científica no Paraná, em Brasília (UnB), em Minas Gerais (UFMG), em São Paulo ( Botânica Arte e Companhia), além de associações, encontros e editais de pesquisa que contemplam a área de ilustração.



"A ilustração científica não pode ser disciplina obrigatória, mas deve ser oferecida nas instituições de modo interdepartamental, uma vez que abrange áreas diversas como Botânica, Medicina, Zoologia, Paleontologia, Biologia. Ela deve formar profissionais que tenham acuidade representativa, precisão, expressão, clareza, harmonia no espaço gráfico e senso estético", explicou Diana.

(Jornal da Ciência)





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