Avaliação e interação

Data: 05/07/2011
Boa parte da comunidade científica envolvida com pesquisas sobre biodiversidade está reunida em São Carlos (SP) desde o último domingo (3/7).

Enquanto os coordenadores de todos os projetos participantes do Programa BIOTA-FAPESP submetem os resultados de seus trabalhos a uma equipe internacional de avaliadores, os estudantes aproveitam uma oportunidade única de interação com alguns dos principais pesquisadores em biodiversidade, do Brasil e do exterior.

A 7ª Reunião de Avaliação do Programa BIOTA-FAPESP e a Reunião de Avaliação do BIOprospecTA seguirão até o dia 10 de julho, enquanto o 7º Simpósio do Programa BIOTA-FAPESP ocorreu nos dias 4 e 5 de julho, no campus da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos.

De acordo com o coordenador do programa, Carlos Alfredo Joly, que conduziu a abertura dos eventos, o programa é periodicamente avaliado por um comitê internacional, mas a sétima edição da reunião tem um caráter especial.

“O BIOTA-FAPESP nasceu em 1999 como um programa previsto para uma duração de dez anos. Quando o programa completou dez anos, fizemos uma reunião para a elaboração de um novo plano científico, propondo, com base nas discussões dos workshops que organizamos com participantes do Brasil e do exterior, um novo período de uma década. Esta reunião de avaliação é muito especial, pois é a primeira desde que a FAPESP concedeu o novo apoio”, disse à Agência FAPESP.

Segundo Joly, ao garantir o apoio até 2020, o BIOTA-FAPESP se tornou o primeiro programa científico brasileiro com mais de dez anos de duração. “A perspectiva de longo prazo é fundamental para a pesquisa científica”, afirmou.

Ao longo da primeira década, de acordo com o também diretor do Departamento de Políticas e Programas Temáticos (DPPT) da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o programa cumpriu uma série de etapas, alcançando seus objetivos um a um.

“O programa nasceu para organizar a demanda de pesquisadores interessados em biodiversidade no Estado de São Paulo e para organizar essas informações em plataformas eletrônicas que permitissem consultas de várias naturezas. Essa disponibilização dos dados deu grande visibilidade ao programa”, disse Joly.

Depois da última reunião de avaliação, realizada em Araraquara (SP), em 2008, o programa passou por uma série de mudanças substanciais. “Naquele momento, estávamos na reta final de preparação dos Mapas de Áreas Prioritárias para Conservação e Restauração da Biodiversidade no Estado de São Paulo. Em seguida, esse trabalho traçou as diretrizes que, em parceria com o governo estadual, conseguimos transformar em legislação”, afirmou.

Hoje, há nove decretos estaduais ligados à conservação e restauração da biodiversidade redigidos com base em resultados do BIOTA-FAPESP. “Os exemplos mais recentes são os decretos relacionados à conservação das restingas de Bertioga e ao agrozoneamento do Estado de São Paulo”, disse.

Um dos resultados importantes do programa consistiu em demonstrar que a conservação não é mais suficiente para deter as ameaças à biodiversidade no estado. “Ficou provado que não basta conservar: é preciso reconectar os fragmentos florestais”, disse Joly.

O simpósio é uma das principais atividades promovidas pelo programa, já que permite a participação de estudantes desde a iniciação científica até o pós-doutorado. De acordo com Joly, atualmente os congressos científicos são muito segmentados e o contato direto com uma perspectiva mais ampla se torna cada vez mais raro.

“O simpósio é uma oportunidade única para a interação entre os estudantes, os pesquisadores que desenvolvem projetos de pesquisa e os avaliadores internacionais que vieram para discutir os novos caminhos do BIOTA-FAPESP e do BioProspecta”, afirmou.

Além da integração entre as diferentes atividades que conduz, o programa busca a internacionalização. “A Diretoria Científica da FAPESP nos estimulou fortemente a investir na internacionalização do programa. Temos um trabalho contínuo de inserção do BIOTA-FAPESP em eventos e debates internacionais e expandimos nossos laços com programas e instituições de outros países. O diálogo perene com os avaliadores internacionais também faz parte desse esforço”, destacou Joly.

Agência Fapesp


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