Cadeia produtiva supre déficit de investimentos

Data: 28/06/2011



A falta de escala das empresas para investir em inovação vem sendo resolvida pelo uso das cadeias produtivas. Este foi um dos principais temas discutidos na 11ª Conferência Anpei de Inovação Tecnológica. A lógica é que empresas atuando isoladamente e de forma pontual, por maior e bem estruturadas que sejam, sempre esbarrarão em limitações para o desenvolvimento da inovação para a sua competitividade plena.



As redes de inovação e as cadeias surgem como oportunidade para a prática de pesquisa e desenvolvimento horizontal tanto na relação entre institutos de pesquisa e empresas quanto na relação empresa a empresa.



Segundo o presidente da Anpei, Carlos Calmanovici, as cadeias produtivas podem suportar um esforço maior de investimento em inovação. Além da Petrobras, que faz uso intenso da cadeia do petróleo, ele cita empresas como a Braskem, que tem obtido sucesso na cadeia do plástico. Seja no ciclo do petróleo por meio do processamento da nafta; seja na nova lógica de produtos renováveis da alcoolquímica, que usa o álcool para fazer eteno verde, que se transforma em plástico verde renovável.



No evento foram apresentados diferentes casos do desenvolvimento da inovação com o auxílio da cadeia produtiva. A Embraco foi buscar na sua rede de fornecedores parceria para o projeto que resultou na substituição do cobre pelo alumínio nos fios que integram os compressores de refrigeração. O emprego do alumínio na indústria de refrigeração sempre encontrou barreiras técnicas, sobretudo em relação a escala que o projeto exige. O sucesso só foi obtido no momento em que toda a rede de fornecedores foi envolvida e com o desenvolvimento técnico da engenharia de manufatura.



Para garantir a qualidade visando a produção em larga escala, a empresa desenvolveu um projeto que contou ainda com a participação de instituições de ensino e pesquisa. No caso da Universidade Federal de Santa Catarina, a parceria com a Embraco já dura 28 anos.



"Fomos buscar a especialidade na cadeia e identificamos dois importantes fornecedores que nos permitiram usar o alumínio com dupla camada de isolamento. Este foi um projeto desenvolvido no Brasil e que está sendo replicado para as unidades na Eslováquia, Itália e China, conta Guilherme Lima, gestor corporativo de relações institucionais da Embraco e vice-presidente da Anpei.



A Whirlpool, fabricante das marcas Brastemp e Consul, precisava substituir o processo de desengraxe, procedimento que tem que ser executado durante a esmaltação de componentes de eletrodomésticos. A empresa usava o padrão da indústria baseado no desengraxe alcalino, produto sintético de PH alto executado a altas temperaturas, e que é nocivo à saúde. Encontrou na Terpenoil Tecnologia Orgânica uma solução baseada exclusivamente em fontes vegetais renováveis, que não ataca a saúde e não agride o ambiente. "Com tecnologia limpa, substituímos o processo alcalino a quente por um processo orgânico a frio", explica Camila Pereira engenheira de processo da Whirlpool.



Já a Mahle, fabricante de autopeças, desenvolveu um anel de vedação de óleo dos pistões de motores com o auxílio de uma rede de inovação. A empresa conta com oito centros de P&D no mundo. O centro brasileiro, instalado em Jundiaí, juntamente com o da Alemanha, é o único capacitado a desenvolver todos os produtos da empresa e é o responsável global por anéis e cilindros.



O produto Mahle XTaper tinha objetivo de reduzir emissões de gases de efeito estufa e o consumo de combustível. Contou com a contribuição de grupos de pesquisa em três continentes. Segundo Eduardo Nocera, gerente de tecnologia de produto, a equipe brasileira foi responsável pelo gerenciamento do projeto e buscou parcerias com clientes para o desenvolvimento, fornecendo-o a potenciais clientes.

(Valor Econômico)






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