Estudo revela aumento na densidade florestal mundial

Data: 07/06/2011
Uma matéria do jornal britânico The Independent revela que a densidade de florestas está aumentando na maior parte do mundo, após décadas de declínio. De acordo com um novo estudo sobre a cobertura florestal mundial, feito por cientistas americanos e europeus, demonstra que a mudança - apelidada de a Grande Inversão pelos autores - tem consequências positivas para as mudanças climáticas.

A pesquisa, realizada por equipes da Universidade de Helsinque (Finlândia) e Nova York Rockefeller University, mostra que as florestas ficaram mais densas em 45 dos 68 países analisados. Juntos, eles respondem por 72% das florestas mundiais.

Com a Grande Inversão, os autores do estudo acreditam que um ponto de inflexão foi atingido, tornando os países mais capazes de adotar políticas que aumentem também a área de suas florestas. Jesse Ausubel, diretor da Universidade Rockefeller e um co-autor, disse: "A ampliação da densidade das matas em quase 50 nações estudadas pode sinalizar o início de uma restauração bem-vinda e necessária."

"A inversão ocorreu na Europa muito antes, e um pouco mais tarde na América do Norte. Também já se espalhou para algumas partes da Ásia", afirma Aapo Rautiainen, da Universidade de Helsinque, principal autor do relatório. "A questão de armazenamento de carbono é importante porque há um crescente interesse político na utilização das florestas como parte da política de mitigação das alterações climáticas. Além de área, densidade é um fator decisivo para o armazenamento de carbono."

Løyche Mette Wilkie, coordenadora do relatório de Avaliação Global dos Recursos Florestais da ONU, de 2010, confirma que, em alguns países, "o estoque de crescimento por hectare está aumentando - assim como o carbono sequestrado". Ela acrescenta que a mudança é irregular e mais notável ​​na Europa, onde a densidade das florestas cresceu mais de 6% na última década, e América do Norte.

Todo ano, mais de 10 milhões de hectares de floresta são plantados em todo o mundo. Ambientalistas expressam a preocupação de que grande parte do aumento da densidade florestal seja impulsionado por monoculturas. Por exemplo, o programa chinês de reflorestamento acrescentou, por ano, três milhões de hectares de vegetação às florestas do país na última década, mas ativistas defendem que o plantio teve predominância de apenas uma espécie - o eucalipto.

Bustar Maitar, que trabalha na campanha de florestas do Greenpeace na Indonésia, alerta para a perda da biodiversidade: "A maior parte deste reflorestamento é feito com plantações de madeira; de eucalipto, que são ecologicamente bastante diferentes da floresta. A solução é interromper o corte de florestas nativas."

O estudo, intitulado “Uma análise Nacional e Internacional de Mudança Floresta Densidade”, não considera a biodiversidade. Porém, os autores reconhecem que há um equilíbrio ecológico a ser alcançado. "Há muitas coisas que devem ser equilibradas, mas o orçamento de carbono é importante", diz Kauppi.

O principal autor do relatório, o Sr. Rautiainen, acrescentou. "Em algumas regiões, é claro, a ênfase na monocultura é muito importante, mas existem também possibilidades de gestão de florestas semi-naturais. Você não pode inferir diretamente na piora ou melhora da biodiversidade a partir da densidade da floresta."

O Estado de S. Paulo


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