IPCC anuncia reformas para ter mais transparência

Data: 19/05/2011
Em agosto de 2010, o InterAcademy Council (IAC), a pedido do Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon, divulgou uma análise sobre os métodos de trabalho do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), que então sofria uma crise de credibilidade, e sugeriu melhorias com a intenção de dar mais solidez e transparência aos influentes relatórios da entidade.

Passados mais de nove meses, finalmente na última sexta-feira (13), membros do IPCC, reunidos em Abu Dhabi para a sua conferência anual, anunciaram uma série de medidas para lidar com erros, conflitos de interesse e que também estabelecem novos procedimentos para a apuração de dados para os relatórios da entidade.

“Procedimentos sólidos são a base para qualquer trabalho científico de qualidade. As melhorias adotadas ajudarão a produzir o quinto grande relatório do IPCC, previsto para 2013 ou 2014. Ele será mais claro, relevante e irá de encontro às necessidades da comunidade global”, afirmou Chris Field, cientista climático da Universidade de Stanford e membro do IPCC.

O documento divulgado ao final da conferência de Abu Dabhi não traz muitos detalhes de cada medida, mas apresenta um quadro geral das mudanças.

Com relação aos conflitos de interesse, por exemplo, editores e autores dos trabalhos selecionados para compor os relatórios do IPCC deverão preencher formulários detalhando afiliações, fontes de financiamento e ligações que podem influenciar os resultados das pesquisas.

Sobre o reconhecimento de erros, o documento afirma que existirá um mecanismo interno que analisará todos os passos do IPCC e que permitirá a divulgação para o público em geral de qualquer falha. Possíveis correções e alterações serão publicadas no site da entidade com destaque.

Outro ponto polêmico diz respeito ao uso de relatórios de ONGs e de ativistas climáticos. Segundo os novos procedimentos, os autores podem usar esse tipo de literatura desde que cientificamente e tecnicamente válida. Entretanto, revistas, jornais, blogs e redes sociais não são fontes aceitáveis de informação.

O InterAcademy Council também havia recomendado a criação do cargo de diretor executivo do IPCC. Os delegados em Abu Dabhi resolveram que era melhor criar um “comitê executivo”, que terá a responsabilidade de tomar decisões sobre a correção de erros e gerenciamento dos relatórios.

A questão de não haver reeleição para o presidente do IPCC, sugerida pelo IAC, também foi aceita e passará a estar em vigor a partir de 2014, quando termina o mandato do indiano Rajendra Pachauri.

Todas essas mudanças prometem fortalecer a entidade, que desempenha o importante papel de ser o principal órgão internacional gerador de informações sobre as mudanças climáticas e cujos relatórios servem de base para que líderes de governo consigam elaborar políticas de adaptação e mitigação.

Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais



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