BH ainda precisa avançar nas metas do milênio

Data: 24/11/2008

BH ainda precisa avançar nas metas do milênio


Jornal O Estado de Minas - As ações que interferem nos indicadores ligados aos Objetivos do Milênio – fixados por 189 nações em comum acordo com a ONU, para cumprimento até 2015 –consomem mais de 60% do orçamento de aproximadamente R$ 5 bilhões (2008) da Prefeitura de Belo Horizonte, segundo a própria administração. Mas o relatório a ser divulgado nesta quinta-feira sobre as metas e outros indicadores sociais e econômicos ligados a elas mostrará que nem tudo são flores na cidade.

Se, de um lado, houve muitos avanços, de outro ainda há quem lamente não ter sido beneficiado por serviços importantes. É o caso de quem sofre com a falta de saneamento básico. O total de famílias que desfrutam do serviço passou de 85,6%, em 1991, para 93,1% em 2000. “A proposta acordada foi reduzir, até 2015, pela metade o número do início da década de 1990. Em BH, ela foi cumprida”, diz a secretária-adjunta de Planejamento do município, Ana Luiza Nabuco, acrescentando que a administração não tem o dado referente a 2008.

Se a melhoria veio para muita gente, não alcançou a todos. No Bairro Taquaril, a família do aposentado Hiroito Guimarães Alves, de 45 anos, que há quatro décadas mora no mesmo endereço, sofre a cada período de chuvas, pois o Córrego Olaria, que passa em frente à sua casa, transborda. Na época de calor, o tormento é o mau cheiro. O esgoto dele e de vários outros vizinhos é despejado no poluído curso d’água. “Rede de esgoto é um serviço essencial, mas, infelizmente, não tenho”, lamenta, enquanto se debruça na ponte, construída por ele e vizinhos, usada para chegar na moradia.

Hiroito, que foi servente de pedreiro e se transformou em beneficiário da Previdência Social por problema de saúde, acredita em dias melhores: “A gente luta por melhoria na infra-estrutura da região. A prefeitura está canalizando alguns córregos e sei que vai fazer o mesmo nesse”. Sua esperança é de que o bairro tenha uma transformação tão importante quanto a precária região do Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul, que foi acolhida pelo programa Vila Viva. Centenas de famílias que moravam em área de risco – algumas na encosta de barrancos e outras às margens de córregos poluídos – foram removidas para apartamentos construídos no alto do morro.

É lá que Margarida Maria Santana da Silva, de 46, pode ser encontrada com facilidade. Ela nasceu em Peçanha, no Vale do Rio Doce, a 304 quilômetros da capital, e chegou ao aglomerado há 20 anos. Vivia num barraco da Vila Nossa Senhora de Fátima com o marido, Sebastião, de 47, e sete filhos. Por tempos, como diz, sofreu com a falta de saneamento básico. Hoje, desquitada, ela mora com os dois adolescentes que ainda não se casaram no novo apartamento, de dois quartos, onde a rede de esgoto não é mais problema.



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