Brasil só tem condições de universalizar saneamento em 2066, diz presidente da ABES

Data: 06/05/2011
Mantidos os atuais índices de crescimento, serão necessários mais 55 anos para que o Brasil tenha condições de universalizar os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos sanitários. Os números e as dificuldades do setor preocupam a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) e foram divulgados nesta quinta-feira (5), pela presidente da entidade, Cassilda Teixeira de Carvalho, durante um evento realizado pela manhã, para os empregados da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), no auditório da empresa.

“É fundamental desburocratizar a liberação dos recursos pelos órgãos financiadores, para agilizar as obras e buscar universalizar os serviços de abastecimento de águas, coleta e tratamento de esgotos sanitários em todo o Brasil. Esta é uma das principais metas da Abes”, afirmou a presidente da entidade. Ela mostrou-se profundamente preocupada com os entraves que ocorrem para a liberação dos recursos financeiros, fato que contribui para retardar as obras de saneamento básico em todo o país.

Em Natal, pouco mais de 34% da população é contemplada com sistema de esgotamento sanitário atualmente. Com a conclusão das obras em andamento e com recursos assegurados pelo Governo do Estado, este índice saltará para 70,8% de coleta e tratamento de esgotos. No Rio Grande do Norte, a área saneada hoje corresponde a 22% do território do Estado e deve passar a ser de 58,4% após a conclusão das obras. “A governadora Rosalba Ciarlini elegeu o saneamento básico como prioridade e vamos trabalhar para obter mais recursos, de modo a atingirmos a universalização antes da maioria dos estados brasileiros”, comentou o diretor-presidente da Caern, Walter Gasi.

A presidente da Abes, depois de fazer uma projeção dos atuais índices de crescimento do setor de saneamento básico, não teve dúvidas e afirmou que, caso não sejam tomadas medidas urgentes, para acelerar a liberação dos recursos, somente em 2066 o Brasil terá universalizado os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos sanitários.

Em decorrência dessa situação preocupante, Cassilda Teixeira informou que a Abes vai reunir todas as empresas de saneamento do país, para traçar estratégias visando analisar e reformular o atual modelo de liberação dos financiamentos, eliminando ou diminuindo algumas ações hoje praticadas pelos organismos que repassam os recursos financeiros. Ela vai lutar também por mais autonomia para as companhias de saneamento, que é quem tem experiência na execução das obras. Cassilda Teixeira lembrou ainda que o setor de saneamento desperdiçou 21 anos discutindo a legislação específica, cuja lei somente foi sancionada em 2007, “Por isso o setor não pode mais perder tempo, muito menos por causa de entraves burocráticos”, observou.

Durante o evento, Walter Gasi, que também faz parte da associação, concordou de imediato com o posicionamento de dirigente da Abes e se colocou à inteira disposição da instituição, para participar do movimento em favor da desburocratização na liberação dos financiamentos, tendo em vista ser uma medida essencial para alavancar as obras visando universalizar mais rapidamente os benefícios levados pelo saneamento básico.

Tribuna do Norte


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