Fórum de Resíduos Sólidos discute os desafios do setor

Data: 05/05/2011
Os próximos anos serão marcados pela necessidade de superação de enormes desafios no setor de resíduos sólidos. Isso porque o poder público, os cidadãos, os geradores e toda cadeia de gestão e gerenciamento de resíduos têm até 2014 para se adequar à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada no final de 2010. Embora a lei determine, por exemplo, que os resíduos sólidos sejam encaminhados para a disposição sobre o solo apenas depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação desse material, ainda não há no Brasil incentivos para o desenvolvimento de ações, sistemas e tecnologias para aproveitamento e reciclagem dos materiais descartados.

O alerta foi dado por Daniel Véras Dantas, engenheiro e pesquisador da Universidade de São Carlos, no último dia do Fórum Brasileiro de Resíduos Sólidos realizado pela Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. O engenheiro lembrou o caso de Santo Amaro da Purificação, na Bahia, onde a escória de chumbo de uma fábrica que atuava na região foi usada no lugar da brita na construção de vias e canteiros públicos, causando a contaminação da população e do ambiente. “Esse caso de 30 anos atrás mostra a importância de termos uma legislação que normatize a reutilização de resíduos, para evitar que a reciclagem de determinado material seja mais danosa à saúde e ao meio ambiente do que o seu descarte”, adverte.

Outros dois assuntos tratados no último dia do fórum, e que devem permanecer em pauta nos próximos anos, foram a carência de recursos aplicados ao setor e a necessidade de políticas e estratégias apropriadas para quebrar o vínculo entre crescimento econômico e geração de resíduos. De acordo com Antonis Mavropoulos, diretor técnico da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, na sigla em inglês), que apresentou a palestra magna de encerramento do Fórum, para conseguir a dissociação plena, ou seja, desvincular a geração de resíduos do processo de avanço econômico, com estabilização do volume de resíduos gerados, a produção de lixo por parte das empresas e das famílias deve diminuir em relação ao aumento do poder aquisitivo no futuro.

“Está claro que novos desafios estão surgindo e a situação atual precisa ser encarada de maneira diferente. Os sistemas de gestão de resíduos e as condições de mercado, mesmo em suas melhores formas, são incapazes de lidar com a crescente quantidade de resíduos gerados em âmbito global. Então, ao menos que um novo paradigma mundial de cooperação e governança seja adotado, um sem número de ações ineficientes e inadequadas acabará prevalecendo sobre alguns poucos centros com soluções efetivas”, observa Mavropoulos. Durante o Fórum Brasileiro de Resíduos Sólidos, a Abrelpe lançou o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil com dados nacionais sobre o setor em 2010.

Abrelpe/EcoAgência


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