Sustentabilidade como princípio

Data: 19/04/2011
Marco Simões,

A Sustentabilidade, que está na ordem do dia das empresas e é uma realidade para a Coca-Cola Brasil e para a companhia em todo o mundo desde sempre. Faz parte do DNA da empresa e, desde 2008, está sistematizada sob o guarda-chuva Viva Positivamente, que abrange todo o seu pensamento sobre sustentabilidade.
Reduzir, reciclar e repor são as três premissas da Coca-Cola para cuidar da água. Em Reduzir, a empresa tem reduzido seu consumo de água ano a ano, atingindo níveis que são benchmark para todo o segmento de bebidas. Em Reciclar, desde 92 a empresa assumiu o compromisso de devolver ao meio ambiente a água utilizada nos processos de fabricação, em um nível compatível com a vida aquática. No Brasil, todas as 46 fábricas usam processos de decantação ou estações de tratamento para assegurar que toda a água devolvida ao meio ambiente é de alta qualidade. E, finalmente Repor, está envolvida em 120 projetos em mais de 50 países com o objetivo de proteger e preservar os recursos naturais de água, assim como também prover às populações acesso à água potável. Ao longo dos anos, a empresa também fechou acordos com USAID, CARE, UNDP e WWF, entre muitas outras organizações, destinados à conservação da água. No País, dois importantes parceiros nesse segmento têm sido a SOS Mata Atlântica e a TNC, que estão reflorestando áreas extensas de proteção de bacias hidrográficas, dentro do programa Água das Florestas, do Instituto Coca-Cola Brasil.
A gestão da água é um dos aspectos prioritários nas operações do Sistema Coca-Cola Brasil, que vem reduzindo substancialmente o consumo deste recurso natural nas 46 fábricas brasileiras e buscando formas de contribuir para a preservação das bacias hidrográficas e dos aquíferos que abastecem de água doce o país. Presente em praticamente tudo o que o ser humano consome – seja no cultivo, na composição, no processo industrial ou na assepsia dos alimentos –, a água é um bem valioso para a sobrevivência das nações e das indústrias. Mais ainda: para a manutenção da vida no planeta.
Para a Coca-Cola, em especial, a água é também um dos ingredientes mais importantes de suas bebidas e está indissoluvelmente associada à qualidade de todos os produtos que levam a marca da maior empresa de bebidas não-alcoólicas do Brasil e do mundo. A Coca-Cola vê a água não apenas como um insumo, mas como um bem natural que deve ser preservado e usado de forma racional por indivíduos e organizações.
A Coca-Cola Brasil acredita que a Sustentabilidade deve ser pensada em todas as suas ações. E da mesma forma devem agir seus 16 fabricantes e todos os fornecedores. Se a principal matéria-prima das bebidas é a água, é sua obrigação tratar o uso da água com toda atenção.
E assim tem sido feito: na década de 90, o consumo de água para produzir um litro de bebida era de 5,4 litros. Em 2010, atingimos a marca de 1,95 litro para cada litro produzido, incluindo o litro que vai dentro da embalagem, o que vem a ser um dos melhores índices do mundo. Hoje, 16 das nossas 46 fábricas no País também utilizam a captação da água da chuva no processo produtivo.
Os índices do Sistema Coca-Cola Brasil resultaram de uma série de iniciativas e investimentos realizados nos últimos anos. Nossos fabricantes têm concentrado seus esforços em ações efetivas para reduzir os possíveis pontos de desperdícios; otimizar o uso água e minimizar o consumo, através da redução, reutilização e reaproveitamento deste recurso; buscar fontes alternativas de captação da água e assegurar a melhoria contínua da qualidade do tratamento de seus efluentes.
É nesta fonte alternativa de captação de água, a chuva, que todo o Sistema vem apostando. Como exemplo, uma fábrica com 56 mil m2 de área potencial para captação, em uma região com índice pluviométrico de 1.100 mm/ano, permite captar em torno de 4 milhões de litros/mês.

A preocupação com a preservação da água está expressa na política de meio ambiente da Coca-Cola e tem no Sistema de Gestão Ambiental da companhia a principal ferramenta para transformar as diretrizes em ações. O uso racional da água é uma questão, não apenas de responsabilidade sócio-ambiental, como também de sobrevivência econômica de organizações e países.
Para consolidar esta cultura dentro do Sistema Coca-Cola Brasil, a empresa criou, em 1995, o Programa Água Limpa. Minimizar o consumo, evitar o desperdício, reutilizar a água, buscar fontes alternativas de captação (como a chuva) e assegurar a qualidade dos efluentes devolvidos à rede de esgoto pelos fabricantes são as metas do programa. Este programa visa orientar os grupos fabricantes na direção das melhores práticas para a otimização do uso da água e do papel das empresas na preservação dos recursos hídricos.
Alguns fabricantes chegaram a reduzir em 25% o consumo de água, após realizar balanços hídricos completos de suas unidades e verificar que medidas como substituição de válvulas de descarga e torneiras fazem grande diferença ao final do mês. O projeto piloto deste balanço hídrico foi feito na sede da Coca-Cola Brasil, com resultados já muito expressivos para um escritório não-fabril.
Os investimentos na melhoria contínua do tratamento de efluentes (ETEs) também geram importantes resultados ambientais: os resíduos líquidos da fabricação de refrigerantes da Coca-Cola Brasil recebem um tratamento especial que lhe concede um grau de pureza suficiente para permitir a criação de peixes. A maior prova disso são os aquários e viveiros de peixes existentes em fábricas da Coca-Cola no Brasil – país que possui o maior número desses habitats em unidades de produção da companhia em todo o mundo.
Com o objetivo de reforçar o papel que os grupos fabricantes têm a desempenhar na preservação dos recursos hídricos, a Coca-Cola Brasil desenvolveu um manual de gerenciamento de águas subterrâneas – iniciativa inédita na indústria de bebidas no País.
Chegará um momento, porém, em que atingiremos o limite da eficiência, quando, pelo menos teoricamente, chegaremos perto de produzir um litro de bebida com um litro de água. Para avançar ainda mais na gestão da água, a Coca-Cola desenvolve uma matriz que permite avaliar riscos e buscar soluções a partir da análise de seis aspectos relevantes: a bacia hidrográfica, a confiabilidade do suprimento, a eficiência, os aspectos econômicos, o atendimento à legislação e aos padrões internos e o uso da água pela sociedade e seus impactos.
Na realidade, a Coca-Cola Brasil vem antecipando ações na busca da melhoria da gestão da água, que é o ponto crucial da Política Nacional de Recursos Hídricos. Esta política tem amparo na Lei das Águas (Lei 9433/97), que disciplina a utilização dos recursos hídricos no Brasil – ou seja, o uso da água –, estabelecendo um modelo de gestão do uso dos rios através de comitês de bacias hidrográficas.
Criada em 1997, essa legislação estabelece um modelo de gestão do uso dos rios brasileiros através de comitês de bacias. Eles devem ser representados não só por autoridades da área ambiental e de saneamento básico, como também por empresas – como as unidades da Coca-Cola Brasil, que vem participando de vários comitês – e a sociedade organizada. Nos próximos anos, o Brasil terá dezenas de comitês de bacias, com suas respectivas agências, as quais serão responsáveis pela cobrança do uso e captação das águas dos rios estaduais, dentro dos sistemas de outorga – um verdadeiro “divisor de águas” na gestão deste recurso.
Evitar o desperdício, um dos princípios do Programa Água Limpa, deve ser um princípio adotado por todas as empresas e cidadãos responsáveis, como aconteceu na época em que foi necessário realizar racionamento de energia, com a colaboração de empresas e cidadãos. Infelizmente, não se aproveitou o momento de sinergia para indicar outras saídas para problemas que enfrentaremos nesse século, já batizado pelos ambientalistas como a era da escassez. O Projeto do Milênio, plano de ação para combater a pobreza, a fome e doenças opressivas que afetam milhões de pessoas, lançado em 2002 pelas Nações Unidas, já divulgou a existência de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo sem acesso à água potável e 2,6 bilhões (mais de 40% da população mundial) sem coleta ou tratamento de esgoto, ou seja, sem saneamento básico.
Por sorte, o Brasil possui o maior fluxo interno de água do mundo, com 5,4 trilhões de metros cúbicos de água, equivalentes a mais de um décimo das reservas superficiais do planeta. Tal riqueza está distribuída desigualmente: cerca de 80% estão na região amazônica e os 20% restantes, pelo país, atendendo a mais de 90% da população. O Brasil também é rico em água subterrânea, hospedando um dos maiores aquíferos do mundo – o Guarani, com mais de 40 trilhões de metros cúbicos de água. Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total), abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Mas a má gestão dos recursos hídricos, a degradação dos mananciais e das áreas do entorno, o desmatamento, os despejos industriais e urbanos não tratados, a ocupação desordenada e outras ações humanas, dentro de algum tempo podem vir a tornar a água um recurso natural de acesso limitado e de uso restrito em nosso País. É contra este cenário que cidadãos, poder público, empresas e ONGs devem lutar. Devem buscar o uso responsável da água em todos os momentos. Cada gota economizada é muito importante para nosso futuro.

Vice-presidente Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil



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