O preço da tecnologia

Data: 15/04/2011
Há muitos desafios no desenvolvimento do sequestro de gás carbônico - tecnologia limpa que Eike Batista popularizou ao defender as termelétricas a carvão no lugar de usinas nucleares.



Cálculos da Coppe/UFRJ mostram que uma termelétrica adaptada para a nova tecnologia - que consegue absorver o CO² que é liberado com outros gases na queima do carvão - vai gerar uma energia, por ora, com o dobro do preço.



Numa usina sem a tecnologia do sequestro do gás causador do efeito estufa, o custo de geração de energia é de US$ 80 o megawatt/hora. Numa usina adaptada, pula para US$ 150 a US$ 160, explica o professor de planejamento energético da Coppe, Alexandre Szklo. Para conseguir captar 90% do CO², têm de ser usados 30% da energia gerada pela termelétrica. E há o próprio gasto na unidade de absorção do CO². Há outras questões a vencer. Nas termelétricas com captura, a demanda por água é 60% a 80% maior.



O processo gera ainda duas mil toneladas por ano de resíduos, como sais orgânicos, que têm de ser tratados. A captura de CO² em usinas transformadas ainda é feita em pequena escala no mundo, e no Brasil é Eike quem estuda. Para construir uma termelétrica do zero com a nova tecnologia, o custo será menor. O carvão será gaseificado (processo ainda não totalmente dominado), e a captura do CO² será feita antes da combustão, de forma mais simples. O MWh sairia por US$ 100.



Uma curiosidade: cinzas emitidas por uma termelétrica (a queima "potencializa" o urânio e o tório contidos no carvão) têm 100 vezes mais radiação do que o que sai naturalmente de uma usina nuclear. Está em reportagem de 2007 da revista Scientific American. Para ninguém se assustar: os níveis em ambos os casos são inofensivos.

(Coluna Negócios & Cia - O Globo)





< voltar