Instalações eólicas devem aumentar 40 GW em 2011

Data: 18/03/2011

Instalações eólicas devem aumentar 40 GW em 2011



Ao que parece, o setor de energia eólica pode estar se recuperando da turbulência econômica ocorrida em 2008. De acordo com um novo relatório divulgado pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC em inglês), após um ano de pouco movimento no ramo, a indústria deve ter um crescimento de 20% em instalações ao longo de 2011.

O número de instalações caiu em 7% em 2009, com a construção de 39 GW em novas turbinas. Essa queda foi atribuída ao impacto tardio que a crise econômica teve nos investimentos em energia eólica. Em 2010, esse número foi ainda menor, de 36 GW, elevando o total mundial de capacidade instalada para 194 GW.

Apesar desta queda, o documento publicado pelo GWEC mostra que, no ano passado, os investimentos em energia eólica cresceram 31%, atingindo um recorde de US$96 bilhões e indicando projeções mais otimistas para 2011. O relatório prevê ainda que mais de 40 GW de capacidade serão instalados neste ano, e que até 2015, a capacidade mundial instalada chegará a 450 GW, mais que o dobro dos níveis atuais.

“O ano de 2010 foi difícil para nossa indústria, mas 2011 vai melhorar”, disse Steve Sawyer, secretário geral do GWEC. “Nós pagamos o preço pela crise financeira de 2008/09 no ano passado, e agora estamos voltando a um bom caminho”.

Segundo o relatório, a instalação de capacidade eólica tem crescido principalmente nos países em desenvolvimento, e a China tem liderado esta ascensão. Atualmente, é o país com maior capacidade instalada de energia eólica do mundo, e possivelmente ultrapassará sua meta de instalar 70 GW nos próximos cinco anos, como afirma em seu novo plano quinquenal.

Outros países como Índia, África do Sul, Egito, Marrocos, Brasil, México e o Chile também têm aumentando sua contribuição na instalação de capacidade eólica no mundo. Na Europa, o crescimento da energia eólica sofreu uma redução de 10%, apesar dos 9.883 MW instalados.

Já nos Estados Unidos, foram instalados 5,1 GW em 2010, apenas 50% dos níveis de 2009, resultado que o relatório considerou “decepcionante” e relacionou a “incertezas legislativas”. O GWEC acredita que os EUA não conseguirão atingir novamente os níveis de instalação de 2009 antes de 2014.

América Latina

O relatório afirma que a América Latina “tem algumas das melhores fontes eólicas do mundo” e é considerada “um território primordial para a distribuição de energia eólica”. No início, as instalações eram em pequena quantidade, mas com o desenvolvimento de algumas economias da região e a crescente demanda energética, o continente parece investir em uma indústria eólica consistente, para complementar os recursos hidrelétricos e de biomassa, e também o potencial recurso solar.

Apesar do crescimento em 2010 ter sido pequeno em termos absolutos, a capacidade instalada na América Latina aumentou 50% em 2010, quando foram instalados 703 MW na região. Atualmente, são mais de dois mil MW operando no continente.

“O mercado latino-americano parece estar acordando para a oportunidade de seu enorme potencial de energia eólica”, cita o relatório. Além disso, países como o México, o Chile e o Brasil têm criado incentivos para o desenvolvimento e financiamento de novos projetos no setor.

No entanto, o relatório previne que “infelizmente, muitos desses mercados sofrem com a falta de clareza e de estruturas políticas para o desenvolvimento da energia eólica, o que continua a dificultar o desenvolvimento desses mercados”.

Brasil

O Brasil é o país latino-americano que mais vêm desenvolvendo a energia eólica. Com grandes áreas desabitadas, uma costa com mais de nove mil quilômetros e excelentes recursos, o país tem potencial para desenvolver uma das maiores capacidades eólicas do mundo. Os estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os que possibilitam os melhores recursos eólicos do país.

Em 2001, foi publicado o primeiro Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, que estimava que o potencial nacional era de aproximadamente 143 GW. Em 2008 e 2009, novas medições foram feitas, e chegou-se a conclusão que o potencial era de mais de 350 GW.

O Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) foi estabelecido em 2002 pelo governo para acelerar o desenvolvimento da energia renovável e aumentar a contribuição da energia renovável para 10% do potencial energético do país até 2020, estimulando a implantação de 1.400 MW. Dos projetos eólicos em desenvolvimento no Brasil, cerca de 95% estão vinculados ao Proinfa. Atualmente, 40 parques eólicos do programa (900 MW) estão operando, e mais 13 projetos (394,1 MW) estão em andamento.

Historicamente, apenas uma empresa de produção de turbinas eólicas, a Wobben Windpower, estava presente no mercado brasileiro. Recentemente, outras multinacionais começaram a entrar no mercado. Para conseguirem financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), algumas dessas empresas começaram a construir fábricas no Brasil. Com isso, o país quer tornar-se não apenas líder latino-americano na produção de energia eólica, mas também produzir turbinas eólicas para o mercado interno e externo.

Em 2010, o mercado eólico brasileiro cresceu 326 MW, chegando a 931 MW, um crescimento de 54,2% em termos de capacidade instalada total, e de 23,8% em termos de acréscimos de capacidade anual. Até o lançamento do relatório, a GWEC esperava que o país tivesse alcançado 1 GW.

(Insitituto CarbonoBrasil)



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