Verba de ciência não deve ir para empresa, diz chefe da SBPC

Data: 11/03/2011
A bandeira da "ciência para inovação", carregada pelo ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) desde o início da sua gestão, parece ter desagradado a nova presidente da principal sociedade científica do País.


Para Helena Nader, que comanda a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) desde o mês passado, os recursos para os cientistas fazerem inovação deveriam sair de instituições como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.


O MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), para ela, teria de investir apenas em ciência nas universidades e institutos de pesquisa.


Hoje, o Ministério do Desenvolvimento não investe em ciência no setor privado a fundo perdido. O que se faz é oferecer créditos para empresários que queiram inovar.



No ano passado, foram R$ 1,4 bilhão em financiamentos para inovação. Neste ano, os juros subiram e atingiram 5%, de acordo com anúncio desta semana.



O MCT, por sua vez, tem injetado dinheiro para fazer ciência na indústria a fundo perdido (ou seja, sem característica de empréstimo). O último investimento envolve R$ 40 milhões em bolsas de pesquisa em empresas.



"O CNPq pode destinar bolsas para indústria, mas não em detrimento das bolsas para ciência", disse Nader em entrevista à Folha.



Os nervos dos cientistas estão à flor da pele desde que a presidente Dilma Rousseff anunciou, em fevereiro, um corte global de recursos que, claro, atingiu a ciência. Com a redução, e com os R$ 713 milhões a menos que viriam de emendas parlamentares, a fatia de dinheiro para o MCT ficou 23% menor.


"Isso se eles não vierem com ainda mais cortes pela frente", diz Nader. "Tiro o chapéu para o governo do presidente Lula. Mas a presidente eleita [Dilma Rouseff">, que viu de perto a expansão da ciência, não poderia fazer esses cortes."

(Folha de São Paulo )




< voltar