Estudo verifica método de levantamento da avifauna urbana

Data: 02/02/2011

Estudo verifica método de levantamento da avifauna urbana


Pica-pau-verde-barrado encontrado na área central da cidade de PiracicabaProjeto realizado na Escola Superior de Agricultura Luis de Queiros (Esalq) da USP, em Piracicaba, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) comprovou a aplicabilidade do método de ponto fixo — um dos mais utilizados em levantamento de aves — para avifauna em regiões urbanas. “O estudo comprovou que o método de ponto fixo realmente pode ser aplicado na cidade, desde que o pesquisador esteja altamente preparado para a função. Também demonstrou que dependendo do local a ser pesquisado dentro da cidade o número de aves pode ser diferente, evidenciando a necessidade de direcionar esforços de acordo com a variação na quantidade de materiais urbanos encontrados em diferentes pontos”, avalia o biólogo Eduardo Roberto Alexandrino, da Esalq.

O estudo foi feito com apoio do Laboratório de Silvicultura Urbana do Centro de Métodos Quantitativos (CMQ), do Departamento de Ciências Florestais Esalq. A pesquisa revelou que a reunião de um número maior de espécies de aves pode ser favorecida pela presença de cobertura arbórea, enquanto áreas construídas e pisos impermeáveis podem prejudicar o número de espécies. Do mesmo modo, o ruído sonoro urbano também pode atrapalhar na identificação e contagem de aves. Também observou-se que o número de espécies novas não se altera após o 9º minuto de levantamento no ponto.

A incidência de comunidades de aves em determinados locais serve como uma importante ferramenta de diagnóstico para diversos estudos ambientais. Por meio da medição desta incidência é possível reconhecer distúrbios ambientais e identificar interações positivas entre os animais da região, além de mensurar a biodiversidade existente. “Entretanto, os métodos de coleta destas informações, até então, nunca haviam sido testados para o ambiente urbano, colocando em risco a confiabilidade dos dados que são levantados sobre a comunidade de aves encontradas na cidade”, comenta Alexandrino.

A partir disso, sob orientação do professor Hilton Thadeu Zarate do Couto, do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Esalq, o biólogo desenvolveu um estudo capaz de avaliar a aplicabilidade do método de ponto fixo em uma região e avifauna urbanas.

Metodologia

O pesquisador analisou três fatores que podem comprometer a qualidade na coleta de dados: o habitat onde o levantamento é realizado, observando a composição dos elementos urbanos existentes na cidade (edificações, quantidade de ruas, arborização, etc.); o intervalo de tempo adotado em cada ponto fixo para a coleta de dados; os aspectos potencialmente prejudiciais a observação de aves, tais como o ruído sonoro urbano e a presença de conversas causadas por pessoas curiosas.

No total, foram observadas 106 espécies de aves, desde as mais comuns no ambiente urbano, como pombos, pardais, bem-te-vis, e sanhaços, até as mais sensíveis à urbanização, como arapaçu-do-cerrado, choca-da-mata, e espécies migratórias, como o falcão-peregrino.

Mapa da região de 1.100 hectares que compôs o estudo desenvolvido em PiracicabaA pesquisa foi realizada na região central de Piracicaba, a partir de 90 pontos fixos espalhados pelos bairros São Judas, São Dimas, Clube de Campo, Cidade Jardim, Centro, Cidade Alta e Parque Rua do Porto, Higenópolis, Vila Rezende, Nova Piracicaba, Nho-Quim, Monumento, Paulista, Paulicéia e Castelinho.

Em cada ponto fixo foram realizadas seis visitas ao longo de 1 ano de trabalho de campo. Para cada visita, Alexandrino identificou as aves e contou-as por 12 minutos contínuos. Nestes mesmos pontos foram levantados também os elementos urbanos presentes — como porcentagem de piso impermeável, de área construída, de cobertura arbórea, de gramado, entre outros —, a quantidade de ruído sonoro existente e a incidência de pessoas curiosas que poderiam atrapalhar o observador de aves durante as contagens.

O biólogo espera que os resultados possam servir de base para o planejamento e execução de demais levantamentos de aves a serem realizados em outras cidades, visando o aumento da confiabilidade dos dados coletados e a otimização dos recursos financeiros destinados a tais estudos.

Mais informações: email eduardoalexandrino@hotmail.com ou eduardoalexandrino@usp.br

(Agência Brasil)



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