Vamos às empresas, diz presidente do CNPq
O físico da USP Glaucius Oliva assumiu nesta semana a presidência do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico), falando em aumento na inovação e em maior formação de pessoas em exatas.
Oliva disse que pretende ampliar as relações entre universidade e empresas e investir na qualificação científica já no ensino médio.
O físico ganhou notoriedade durante as eleições à reitoria da USP, quando foi o candidato mais votado ao cargo, mas não foi escolhido por José Serra (que optou pelo segundo colocado da lista tríplice, João Grandino Rodas). Em entrevista exclusiva à Folha, ele falou sobre sua futura gestão. Acompanhe:
- O senhor já era diretor no CNPq. Esperava ser convidado para a presidência?
Não. O meu nome foi levantado por conta da minha história na academia. E acabei ficando mais conhecido com as eleições para reitoria da USP.
- Manter a sua vida acadêmica é uma prioridade?
Sempre defendi que os gestores de ciência e tecnologia também fossem cientistas. É preciso conhecer a outra ponta da linha. Eu continuarei com as minhas atividades científicas. Tenho dois orientandos de doutorado e um pós-doutor na USP.
- O senhor fala muito sobre fortalecer as relações entre universidade e empresa.
Exatamente. Precisamos consolidar o sistema de inovação do país e formar mais pessoas. Para isso, é necessário um canal de comunicação fértil entre a indústria e a academia. Pretendo ampliar o Programa Rhae (Recursos Humanos em Áreas Estratégicas), voltado para pesquisa em empresas. No ano passado, foram R$ 30 milhões em bolsas em empresas. Nesse ano serão R$ 40 milhões.
- Há outro objetivo que pretende trabalhar na sua gestão, além da inovação?
A educação em ciências e matemática. Isso é uma dívida social do país. A ideia é ampliar o programa de iniciação científica júnior, que é focado no ensino médio.
- Ser presidente do CNPq é melhor do que ser reitor da USP?
Se o time ganhar, e nesse caso o time é o Brasil, eu estarei feliz por ter jogado em outra posição. O importante é continuar jogando.
(Folha de SP, 29/1)
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