BNDES e bolsa preparam ETF de Carbono Eficiente

Data: 18/01/2011
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), juntamente com a BM&FBovespa, está montando um fundo negociado em bolsa (ETF - Exchange-Traded Fund) que vai replicar as empresas que formam o Índice Carbono Eficiente (ICO2). Um dos objetivos do ETF é dar liquidez ao índice, lançado em dezembro. O banco escolheu para gestor do novo ETF o BlackRock, líder mundial de fundos negociados em bolsa, com US$ 578,6 bilhões distribuídos em 473 ETFs.

O fundo do ICO2 será lançado por meio de uma oferta pública na qual o BNDES venderá as ações que possui em carteira e que compõem o índice. Depois do Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB), criado em 2004 também pelo BNDES, esse é o primeiro fundo negociado em bolsa com uma oferta pública.

Os demais ETFs são montados pelo gestor e vão diretamente para o pregão da Bovespa, com lastro numa carteira de ações. O superintendente da área de meio ambiente do BNDES, Sérgio Weguelin, disse ao Valor que a ideia é fazer uma oferta pública destinada aos investidores institucionais e também às pessoas físicas. Para isso, o valor mínimo de aplicação deve ser baixo. "Esse ETF será mais uma forma do pequeno investidor estar em renda variável, formando uma poupança de longo prazo", diz Weguelin.

Ele afirma que ainda não está definido o valor da aplicação mínima no ETF e nem qual será o tamanho da oferta pública, mas já adianta que será uma operação significativa. Apenas como comparação, a primeira oferta do PIBB, em 2004, foi de R$ 600 milhões e teve uma demanda de cerca de R$ 1,6 bilhão. Já a segunda oferta, no ano seguinte, alcançou R$ 2,285 bilhões, sendo R$ 1,7 bilhão destinado só para o público de varejo.

O cronograma da operação também não está pronto, mas os planos são de que ela ocorra ainda no primeiro semestre. O próximo passo, segundo Weguelin, é escolher o banco que coordenará a oferta, além de obter os devidos registros junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Um dos objetivos do ICO2, segundo Weguelin, é estimular as empresas brasileiras a pesquisar e divulgar suas emissões de gases do efeito estufa. "Esse é o primeiro passo para depois as companhias agirem no sentido de reduzir tais emissões", diz o superintendente do BNDES. Já para o investidor, é uma forma de ele aplicar nas ações que compõem o Índice Brasil (IBrX-50) e ainda se beneficiar dos ganhos que existem com a redução de gases.

Desde setembro do ano passado, série histórica disponível do ICO2, o indicador acumula alta de 12,10% até ontem, ante uma valorização de 10,44% do IBrX-50 e de 8,39% do Índice Bovespa.

O novo índice é composto por todas as companhias que fazem parte do IBrX-50 e que concordaram em abrir e divulgar suas emissões de gases de efeito estufa. Com exceção de CSN, Usiminas, Gerdau, Gerdau Metalúrgica e Petrobras, todas as outras empresas responderam, e consequentemente fazem parte do novo índice.

O ICO2 leva em conta o peso que as companhias possuem no IBrX-50 ponderado pela eficiência em termos de emissão de gases de efeito estufa. As companhias são comparadas com o seu setor e com o IBrX-50 como um todo. Aquelas que emitem menos ganham participação em relação às que mais emitem. O resultado é que o coeficente de emissões do ICO2 é cerca de 30% menor ao obtido pela IBrX-50 tradicional.

Existem no Brasil hoje sete ETFs que movimentaram no pregão da bolsa no ano passado R$ 6,998 bilhões. O mais negociado é o Bova11, que replica o desempenho do Índice Bovespa.

Fonte:Autor(es): Daniele Camba | De São Paulo.
Valor Econômico - 18/01/2011




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