BNDES anuncia investimentos em manejo florestal
O primeiro aporte no setor de florestas nativas da história do BNDES reúne elementos para inaugurar uma nova frente de investimentos no mercado de capitais até então inexplorada, vale dizer, no país que possui a maior mata tropical do mundo.
O Brasil explora bem o setor de florestas plantadas, homogêneas e fornecedoras de madeira bem conhecidas com larga escala, mas não ainda a heterogeneidade e as peculiaridades de uma mata biodiversa.
Aproveitando os holofotes ligados durante a COP 16 em Cancún, o braço de participações BNDESpar anunciou oficialmente, a compra de 13,3% do capital da Amata empresa voltado ao manejo sustentável de madeira nativa, que obteve concessão pública para explorar a Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia.
Para Dario Guarita Neto, um dos sócios-fundadores e gestores da Amata, a boa notícia se deve à sincronia inédita de três elementos: o apetite por investimentos de maior risco, dada a baixa taxa de retorno dos títulos públicos; a pressão crescente de cotistas e pensionistas de fundos por investimentos mais sustentáveis; e a maior clareza do marco regulatório para exploração florestal no Brasil. Até pouco tempo atrás, era impensável encarar o risco institucional das chamadas áreas de fronteira, como a Amazônia.
Também entraram no negócio os fundos de private equity Brasil Agronegócio (gerido pela BRZ Investimentos), Brasil Sustentabilidade (cogerido pela BRZ e Latour Capital) e o alemão Aquila. Como o BNDES participa do Brasil Sustentabilidade, a fatia total do banco na Amata não se resume aos 13,3% via BNDESpar, mas nem mesmo a empresa soube dizer quanto somam os percentuais de participação indireta.
De toda forma, a operação foi desenhada para que nenhum dos acionistas fosse majoritário, em uma opção clara por um tipo de governança que prevê a gestão compartilhada conforme explica Roberto Waack, também sócio-fundador e gestor da Amata. Aos gestores se resguardou o poder de veto, a fim de que as propostas originais do projeto sejam mantidas.
No Jamari, a Amata começará explorando 30 espécies diferentes de árvores, por meio de um manejo certificado pelo Forest Stewardship Council (FSC), conselho que é mundialmente presidido por Waack. Ao longo do tempo, os investidores deverão desembolsar R$ 200 milhões, que serão acessados à medida que a operação do negócio for obtendo sucesso.
O desempenho da Amata certamente será acompanhado de perto pela comunidade investidora, interessada em conhecer riscos e oportunidades de uma atividade pioneira. Se der certo, a operação terá desbravado a mata densa, abrindo uma trilha para a economia verde dar passos mais largos no Brasil.
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