Com sucesso em Nagoya, ONU ganha mais credibilidade

Data: 03/11/2010
O acordo sobre biodiversidade alcançado na semana passada em Nagoya (Japão), para evitar o desaparecimento de espécies no mundo, dá um respiro para a Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade vinha sendo amplamente criticada após o fracasso da reunião sobre aquecimento global em Copenhague, no ano passado.


Nas conferências da ONU - tanto de biodiversidade quanto de clima -, as negociações são multilaterais e as decisões são tomadas por consenso entre os quase 200 países.

Com a dificuldade de aprovar as metas por unanimidade, as caras reuniões muitas vezes são inúteis ou chegam a poucos resultados concretos.

Por isso, o sucesso da reunião em Nagoya, que teve a participação dos 193 países que aderiram à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), foi um grande alívio. Até o último minuto da negociação, pairava sobre o encontro a perspectiva de um novo fracasso, como o ocorrido na Dinamarca em 2009,

"Este acordo pode ajudar em Cancún (no México, onde será a próxima reunião de clima, neste mês), mostrando ao mundo que as negociações multilaterais podem chegar a um progresso real", afirmou Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente.

Desafios. Apesar do resultado positivo em Nagoya, é complicado esperar sucesso em Cancún. Isso porque, na reunião de clima, os países tentam chegar a um acordo vinculante (com força jurídica) com metas de corte de emissão dos gases de efeito estufa. No Japão, as metas aprovadas não têm força de lei.

Outro problema é o fato de os Estados Unidos ainda não terem aprovado sua lei nacional de mudanças climáticas. Sem a legislação, dificilmente esse país vai se comprometer em um possível acordo. E a participação dos americanos é fundamental, já que o país por muito tempo foi o maior emissor de gases-estufa e hoje é o segundo, atrás da China.

O embaixador francês Jean-Pierre Thebault disse que há uma diferença de tempo entre as discussões de clima e de biodiversidade - a última está mais atrasada. "Em Nagoya, nós fizemos o que foi feito para o clima em 1997, em Kyoto. É a etapa em que se reconhece a importância política do tema", disse.


O Estado de S. Paulo


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