USP usará R$ 50 milhões para financiamento de pesquisas próprias

Data: 21/10/2010

USP usará R$ 50 milhões para financiamento de pesquisas próprias


Hoje dependente de agências externas de fomento, a Universidade de São Paulo lança na semana que vem um programa próprio para financiar suas pesquisas. A intenção é aumentar o impacto de seus trabalhos científicos.

A USP ajudará financeiramente até 31 dos seus grupos ou centros de pesquisa, segundo o edital já aprovado, ao qual a Folha teve acesso.

Os pesquisadores receberão cerca de R$ 50 milhões no total --a Fapesp, uma das principais financiadoras dos pesquisadores da instituição, destinou R$ 310 milhões à universidade ano passado.

A USP pretende incentivar duas frentes: grupos que trabalham com temas pouco apoiados pelas agências de fomento; grupos de diferentes áreas, já consolidados, que decidam pesquisar um mesmo tema.

"Mesmo que quase 90% do nosso orçamento seja gasto em folha de pagamento, a USP precisa ter uma margem de recursos para incentivar pesquisas que ela mesma entenda como relevantes. Isso não vem acontecendo", disse o reitor João Grandino Rodas.

Em relação a investigações que podem ser integradas, o pró-reitor de pesquisa, Marco Antonio Zago, citou como exemplo o câncer.

INTEGRANDO

"A USP tem grupos de excelente nível pesquisando o tema, nas ciências básicas, na bioquímica, na genética, na clínica. Mas os trabalhos não são coordenados. Queremos um programa para câncer, outro para bioenergia."

Sobre temas ainda pouco apoiados e que precisam de mais pesquisas, Zago citou como exemplo novas práticas educacionais, que usam tecnologia ou internet.

A princípio, o programa de financiamento terá uma edição, que vai se estender de 2011 a 2013, mas poderão haver novas chamadas. O edital será lançado no dia 26.

Com o projeto de fomento, a universidade quer iniciar uma reorganização de sua produção científica. Um texto da universidade que apresenta o programa afirma: "A USP é a mais produtiva universidade do país, mas continua distante dos primeiros postos consoante aos padrões internacionais. O crescimento de seu corpo de pesquisadores, a extrema fragmentação de seus grupos de pesquisa, a ênfase no volume de publicações e as ligações frágeis com o setor produtivo não contribuem para aumentar o impacto de sua produção científica."

No último ranking Times Higher Education, por exemplo, a USP ficou fora da lista das 200 melhores universidades do mundo.

Para o ex-reitor da USP Roberto Lobo, o programa está bem montado. O principal cuidado, diz o presidente do Instituto Lobo, deve ser a escolha dos beneficiados. "O risco de promover financiamento próprio é transformá-lo em ação entre amigos."

Segundo o edital, na seleção haverá parecer de assessoria externa e julgamento de um comitê "ad hoc".

Na opinião de Oscar Hipólito, ex-diretor do Instituto de Física da USP de São Carlos e pesquisador do Instituto Lobo, o projeto é bem feito, mas o montante destinado aos grupos "é muito pequeno".

OBJETIVO
Incentivar projetos que envolvam diversos setores do conhecimento, em áreas como publicação em revistas científicas, formação de recursos humanos e patentes

COMO É HOJE
Os pesquisadores recebem financiamento de agências externas federais e estaduais, como CNPq., Finep e Fapesp

A QUEM SE DESTINA
Grupos consolidados de pesquisa, grupos promissores ou centros de instrumentação (que dão apoio a diferentes áreas)

BENEFICIADOS
15 grupos de pesquisa consolidados, 12 grupos considerados promissores e 4 centros de instrumentação

R$ 2 MILHÕES
é a quantia para grupos consolidados, R$ 900 mil para promissores e R$ 1,5 milhão para centros de instrumentação, entre 2011 e 2013


Folha de S. Paulo


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