Sem sustentabilidade, sem Objetivos do Milênio

Data: 24/09/2010

Sem sustentabilidade, sem Objetivos do Milênio


Se não investirmos em negócios mais sustentáveis, não conseguiremos atingir os Objetivos do Milênio - as metas de redução da pobreza que os países-membros da ONU se auto-impuseram. Esta é uma das principais conclusões do estudo “A Brief for Policymakers on the Green Economy and the Millennium Development Goals (MDGs)“, divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Ele enumera cases que comprovam essa correlação - como a criação de parques nacionais melhorou o nível de renda e a arrecadação tarifária na Costa Rica; como a recuperação das florestas do Nepal gerou empregos e recuperou a qualidade do solo e da água; como a agricultura orgânica está melhorando a vida em Uganda.

O estudo foi elaborado no âmbito do programa Green Economy, lançado pelo Pnuma em 2008, no auge da crise financeira global. O programa reúne especialistas de vários países, encarregados de mapear os efeitos que o investimento em energias renováveis e tecnologias de baixo impacto têm sobre a macroeconomia e a renda da população global.

“A seguirem as tendências atuais, não conseguiremos cumprir os Objetivos do Milênio até 2015″, discursou Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma, ao lançar o documento, durante a Cúpula sobre os Objetivos do Milênio que a ONU está promovendo em Nova York. “Em parte é porque estamos enfrentando desafios do século XXI, mas mantemos a forma de pensar do século XX”. Ele lembra que o ritmo acelerado de destruição de mangues e bancos de corais está comprometendo a sobrevivência da fauna aquática, o que dificultará o cumprimento do objetivo número 1 (reduzir a fome e a desnutrição). Da mesma forma, a perda da cobertura florestal impede que se atinjam os objetivos 1, 4 e 5 (estes ligados à saúde) e 7 (redução da proporção de pessoas sem acesso à água potável à metade).

Mas o relatório enumera exceções, os projetos de vanguarda que estão ajudando a combater a pobreza em diferentes partes do globo:

•A Costa Rica expandiu o número de unidades de conservação, de modo que hoje um quarto do território nacional está protegido. Em decorrência, houve um boom do ecoturismo. Hoje o país atrai 1 milhão de visitantes por ano e o dinheiro cobrado para ingresso nas reservas rende US$ 5 milhões anuais ao governo. Segundo o Pnuma, as comunidades que vivem perto dos parques nacionais costarriquenhos têm salários e nível de emprego melhores do que a média.
•No Nepal, 14 mil grupos de usuários dos recursos florestais conseguiram derrubar o ritmo do desmatamento graças ao desenvolvimento de políticas comunitárias. Elas estabeleceram regras para a derrubada, tabelaram preços e promoveram a distribuição dos lucros. Resultado: entre 2000 e 2005, a cobertura florestal nepalesa cresceu 1,3%, a qualidade do solo e das águas está sendo melhor manejada e os níveis locais de emprego melhoraram.
•Em Uganda, onde 85% da população vive da agricultura, o crescimento da produção orgânica está aumentando as exportações de baunilha, gengibre e abacaxis. Desde 2004, a área certificada quase dobrou, chegando a 300 mil hectares, e o número de produtores orgânicos subiu de 45 mil para 200 mil.
•O relatório também elogia o planejamento urbano e as políticas de transportes públicos de Curitiba, que ajudaram a cidade a crescer seis vezes se perder a qualidade de vida. Não é novidade - a ONU vira-e-mexe cita Curitiba (positivamente). O Pnuma lembra que o município paranaense aumentou a área verde per capita de 1 para 50 metros quadrados; que 45% das viagens são feitas via transporte público; que os congestionamentos são 13 vezes mais curtos que os de São Paulo e que a saúde dos curitibanos se beneficia da boa qualidade do ar.

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