A psicologia inconstante da sustentabilidade

Data: 13/09/2010
• 5 simples descobertas

Durante o último Sustainable Brands 2010 (SB10) realizado em Monterey, na Califórnia, uma amostra representativa de 92 líderes de negócios sustentáveis foram avaliados com a ferramenta RWA (Roberts Wolrdview Assessment), uma nova ferramenta para conhecimento psicométrico para profissionais de marketing e desenvolvedores de marcas. Uma amostra de dados foi recolhida e comparada a dados de natureza psicológica oriundos da avaliação RWA com um público mais generalizado e também comparado a dados coletados com participantes de seminários anteriores. As descobertas sugerem que há mais tendências globais poderosas operando nas mentes dos líderes de mercado.

1. Pensamento sistêmico está em alta

Comparado aos anos anteriores, os participantes do SB10 demonstraram um salto quantitativo em pensamento sistêmico, com valores intrínsecos que enfatizam os resultados práticos para o mundo real em detrimento de sentimentos e ideologias (66%, dos avaliados). Essa tendência, se continuar, é um bom augúrio para o futuro do movimento sustentável, de forma que o pensamento sistêmico mostrou estar fortemente ligado à inovação e a habilidades colaborativas para solução de problemas. A procura por produtos criativos de marcas como Google e Apple parecem estar em sintonia com a emergente liderança de negócios sustentáveis (da mesma forma que produtos e serviços de marcas que reforçam essa mesma visão de mundo criativa).

2. Intolerância é intolerável

Da mesma forma que nos anos anteriores, os participantes da SB10 mostraram um desgosto generalizado pelos estilos de comunicação e liderança absolutistas do tipo “tudo ou nada” – como as adotadas com frequência pelo âncora da FOX News, Glenn Beck, pelo ex-presidente George W. Bush e pela Sarah Palin, candidata a vice nas eleições anteriores. Para a visão de mundo sistêmica dos atuais líderes de negócios sustentáveis, tal estilo de comunicação absolutista é geralmente visto como limitados e improdutivos, na melhor das hipóteses. Infelizmente, se não forem cautelosos, esses mesmos líderes, correm o risco de se tornarem absolutistas, eles mesmos – além disso, podem alienar os públicos a partir de sua visão.

3. O otimismo está crescendo

Apesar da dificuldade econômica e os desafios ambientais que o movimento pela sustentabilidade ainda enfrenta, os dados mostram um leve avanço no otimismo social entre os entusiastas da sustentabilidade. O que tem orientado essa mudança? Apesar de não haver uma explicação clara, acreditamos que essa tendência está sendo ditada primeiramente pela popularização do pensamento sistêmico entre os entusiastas da sustentabilidade – dando aos capitalistas ligados à “causa” uma perspectiva mais “visionária” se comparada aos antigos capitalistas ligados a valores. Boa notícia: esse otimismo pode se tornar um feedback automático se a comunidade de negócios sustentáveis continuar a produzir estudos de casos que funcionem como ‘prova de conceito’ e atinjam o público geral. Em outras palavras, se os empreendedores emergentes de negócios sustentáveis de hoje colherem estórias de sucesso com alta visibilidade no mundo ‘mainstream’, esse crescente senso de otimismo pode se tornar uma profecia positiva que vai gerar um ímpeto em uma escala muito maior.

4. Autenticidade é uma obsessão

Conforme nos anos anteriores, os novos dados sugerem que os entusiastas da sustentabilidade estão muito mais propensos que o público geral a filtrar a mídia e a comunicação interpessoal para descobrir se as intenções do emissor são autênticas. Por outro lado, o público geral está mais suscetível a perceber um interesse pessoal e pragmático ao filtrar mensagens. Essa distinção pode ser muito útil para inovadores de marca que desejam maximizar o ROI (retorno sobre investimento) de marketing através da elaboração de estratégias de marketing. Ao longo da pesquisa, também descobrimos que o nível de cinismo de uma pessoal está altamente ligado à sua tendência a filtrar a comunicação com base em seu interesse pessoal imediato. A grande sacada? Antecipar o cinismo no público geral e desenvolver mensagens de forma a se destacarem antes das necessidades e desejos dessas pessoas. Para os entusiastas: busque um nível mais complexo de processamento psicológico, centrado amplamente na verdade, autenticidade e beleza.

5. Mulheres estão liderando o grupo

As pesquisas anteriores e a sabedoria popular indicaram que a visão de mundo sistêmica, por ser uma ferramenta analítica e significativa para a solução de problemas, é mais comum entre os homens num modo geral. Steve Jobs, Richard Branson, Barack Obama – a lista de perfis inovadores e bem-sucedidos é longa e cresce a cada dia. Talvez a mais interessante descoberta em nossos dados é que as mulheres, e não os homens, são os líderes de pensamento sistêmico entre os líderes sustentáveis que avaliamos. As mulheres demonstraram um nível significativamente mais alto de pensamento sistêmico em relação a preferências em liderança e comunicação (70% das mulheres em relação a 56% dos homens). As mulheres também estão mais propensas a serem socialmente otimistas e a filtrar dados baseado na autenticidade do que os homens. Se as tendências atuais continuarem, espere uma nova geração de líderes femininas altamente efetivas e inovadoras que vão moldar dramaticamente a face do movimento pela sustentabilidade nos próximos anos. Quem sabe? Quando tudo tiver sido feito e dito, talvez elas recebam o devido crédito.

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John Marshall Roberts ensina pessoas e organizações a superar o cinismo e a se inspirarem. Ele é um especialista em comunicação e aplicou a pesquisa de cunho psicológico com mais de uma década de experiência em consultoria estratégica. Seu bestseller “Ignition Inspiration: A Persuasion Manual for Visionaries” transmite um novo paradigma para a criação de mídias inspiradoras chamado Worldview Design.



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