Aquecimento irá criar potencias no norte do planeta

Data: 10/09/2010

Aquecimento irá criar potencias no norte do planeta


As conseqüências do aquecimento global e das mudanças climáticas ainda não são completamente compreendidas pelos cientistas, mas muitos apostam que as alterações que veremos nas próximas décadas não serão em sua totalidade negativas.

Quem aparece defendendo esta idéia agora é o geógrafo Laurence C. Smith, da Universidade da Califórnia. Smith é reconhecido internacionalmente por seu trabalho sobre o desaparecimento de lagos no Ártico e a influência dos gases do efeito estufa para o fim da última Era do Gelo.

O geógrafo lança no próximo dia 23 o livro "The World in 2050: Four Forces Shaping Civilization"s Northern Future" no qual aponta que os países do extremo norte serão beneficiados economicamente pelas quatro forças que estão moldando o nosso futuro: aumento da população, demanda por recursos, globalização e mudanças climáticas.

O autor chama os países do norte de NORCs (uma sigla para “northern rim countries”, algo como países do anel do norte) e afirma que eles serão a quarta maior força econômica do planeta, atrás apenas dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), da União Européia e dos Estados Unidos.

As razões para isso são as conseqüências econômicas que o aquecimento global terá no extremo norte. De acordo com Smith, enquanto no resto do planeta a agricultura irá ter que passar por transformações para manter a sua produção diante das mudanças no clima, nos NORCs o cultivo será cada vez mais fácil e diversificado.

O aumento das temperaturas irá ainda promover o degelo de regiões que são ricas em recursos naturais. Segundo o geógrafo, por exemplo, até 2050 as reservas de petróleo do Canadá ficarão atrás apenas das da Arábia Saudita.

Além disso, novas rotas marítimas serão abertas no Ártico, permitindo a realização do que era o sonho dos navegadores por mais de 500 anos, uma ligação entre a Europa e o extremo oriente pelo norte sem ter que ultrapassar toda a África ou América do Sul.

Smith aposta ainda na já existente estabilidade política da região, que não deverá colocar obstáculos no desenvolvimento econômico desses países. Também há um grande potencial para o crescimento populacional e o recebimento de imigrantes, já que enormes áreas ainda são desabitadas.

“De diversas maneiras o Norte está bem posicionado para o futuro, mesmo se o seu ecossistema for ameaçado pelas mudanças climáticas ainda assim há muitas coisas positivas para a economia da região”, explica Smith.

Para chegar a essas conclusões, o geógrafo passou 15 meses viajando pelo extremo norte entrevistando pescadores, mineiros, fazendeiros, executivos da indústria do petróleo, biólogos, climatologistas, oceanógrafos e povos nativos.

Apesar do futuro promissor para essa parte do planeta, Smith alerta que as próximas décadas não serão nada fáceis para a Terra. Eventos climáticos extremos serão mais intensos e freqüentes e a vida selvagem deverá passar pela maior taxa de extinção registrada desde o desaparecimento dos dinossauros 65 milhões de anos atrás.

Porém, junto com todo esse pesadelo há algo de belo que está acontecendo salienta o geógrafo.

“Existe uma nova parte do mundo que está emergindo, áreas com relevo e ecossistema diferente de tudo o que a maioria das pessoas conhece. O interesse pelo Norte e sua importância irão aumentar drasticamente em resposta as transformações do planeta”, concluiu Smith.

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