Tratamento conjunto de lixiviado e esgoto é viável

Data: 01/09/2010

Tratamento conjunto de lixiviado e esgoto é viável


Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP demonstra a viabilidade de tratar o lixiviado, líquido produzido em aterros sanitários, em estações de tratamento de esgotos. O estudo da engenheira Miriam Moreira Bocchiglieri aponta que o tratamento conjunto pode trazer vantagens ambientais, desde que planejado e executado adequadamente, respeitando a capacidade das estações.

Tratamento de lixiviado com esgotos pode trazer vantagens ao meio ambienteO trabalho procurou analisar experiências de tratamento do lixiviado de aterros sanitários (mais conhecido como chorume), em conjunto com o esgoto, em estações do sistema público no Estado de São Paulo. “O tratamento pode ser feito no próprio aterro de maneira integral ou parcial, ou em conjunto com os esgotos sanitários”, relata a pesquisadora. “Em muitos casos, entretanto, ele não é tratado, sendo usual a prática de recirculação do lixiviado pelas células do aterro”.

O estudo foi desenvolvido na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de Barueri, de grande porte. Também foram analisadas estações menores, em São Sebastião (ETE Boiçucanga), no litoral, e nos municípios de Tupã e Fernandópolis, no interior de São Paulo.

A estação de Barueri emprega o processo de tratamento por lodos ativados convencional. “A vazão elevada confere flexibilidade ao sistema pela diluição dos lixiviados com os esgotos sanitários”. Em Boiçucanga é usado o método de lodos ativados por batelada. A estação de Tupã emprega o sistema de lagoa aerada, enquanto Fernandópolis utiliza um processo natural, o chamado sistema australiano, composto por lagoa anaeróbia seguida de facultativa.

Capacidade
Todas as estações estudadas podem receber o lixiviado, mas é necessário estabelecer limites de recebimento. “Para dimensionar o potencial de recebimento, deve-se verificar a capacidade de suporte das estações, na fase líquida e na fase sólida, considerando a proteção aos sistemas biológicos de tratamento(aeróbios e anaeróbios) e o atendimento à legislação quanto ao efluente e lodo gerados nas estações”, observa Miriam.

Segundo a pesquisadora, dentro da tendência mundial de se tratar fontes de poluição “da porta para dentro”, o ideal seria tratar o lixiviado no próprio aterro. “Porém, em função das características específicas dos lixiviados, como a elevada carga orgânica, a flutuação de vazão em decorrência das chuvas, o tratamento “isolado” pode se tornar complexo e caro”, aponta a engenheira.

O tratamento conjunto, sob condições específicas, pode se configurar numa alternativa sanitária e ambientalmente segura, se os sistemas forem bem projetados, bem concebidos e bem operados, mediante critérios já conhecidos e consagrados tecnicamente. “Essa integração pode representar avanços importantes nas questões de desenvolvimento urbano e qualidade ambiental”, diz Miriam. ”Para sua viabilização é preciso haver o envolvimento das esferas competentes, nas quais têm início os processos de planejamento das cidades”.

O estudo recomenda que os municípios, ao implantarem aterros sanitários e estações de tratamento de esgotos, analisem a possibilidade de operação conjunta. A pesquisa de Miriam é descrita em tese de doutorado apresentada na FSP em maio deste ano. O trabalho teve a orientação do professor Wanderley da Silva Paganini.

Mais informações: miriammoreira@sabesp.com.br


Agência USP


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