Cidadania ainda não tem consciência sobre águas subterrâneas

Data: 17/08/2010

Cidadania ainda não tem consciência sobre águas subterrâneas


Com a modificação constitucional realizada a partir do plebiscito da água (2004) a cidadania tomou mais consciência da importância que tem esse recurso natural para o seu bem-estar.

Porém, essa versão parece não incluir as águas subterrâneas. Para a população, os aquíferos seguem sendo realidades desconhecidas, provavelmente porque não se vê.

O concreto é que com Argentina, Brasil e Paraguai compartilhamos (o autor do texto é uruguaio) um dos depósitos de águas subterrâneas mais importantes do planeta.

O aquífero Guarani ocupa 1.2000.000 km2, correspondendo a quase 4% do território uruguaio. Calcula-se que em sua área de influência vivem 70 milhões de pessoas. Seu principal uso é para o consumo social, mas também é aproveitado pela indústria, pela agricultura e pelo turismo termal.

Graças ao Projeto para a Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero Guarani, conhecemos melhor a estrutura e a dinâmica deste gigantesco reservatório de água, o que melhora nossas possibilidades de desenvolver, com sucesso, políticas nacionais e regionais de conservação, utilização e gestão.

Agora sabemos que não se trata de um grande aquífero bem interligado, mas, mais precisamente de oito setores bem definidos. As águas são armazenadas em diferentes níveis e com fluxos hídricos de pequeno porte.

Isso condiciona a gestão do aquífero em cada área e, ao mesmo tempo, exige uma ação coordenada e complementar dos países para garantir um bom aproveitamento deste recurso vital.

No caso de Concordia-Salto tornou-se claro que a abertura de novos poços poderia reduzir os fluxos e as temperaturas na zona turística de águas termais.

Portanto, uma boa gestão das águas subterrâneas é uma questão atual que exige desenvolvimentos e novos compromissos.

No dia 2 de agosto, na reunião da Cúpula do Mercosul, em San Juan, na Argentina, os presidentes dos quatro países assinaram um acordo sobre o aquífero Guarani.

O principal objetivo é destacar a cooperação como base para o uso sustentável dos recursos - o mesmo espírito que caracterizou o recente acordo argentino-uruguaio realizado sobre o conflito da pastera de Fray Bentos.

A partir deste compromisso, os países precisam avançar muito mais nesses mecanismos se querem transformar as boas intenções expressadas em ações bem-sucedidas.

Também têm que se adaptar e criar regras específicas que permitam o desenvolvimento nacional sem comprometer o potencial do aqüífero, nem gerar impactos ambientais negativos na região.

O artigo 4 do acordo estabelece que os quatro países promoverão a conservação e a proteção ambiental do Sistema Aquifero Guarani de forma a assegurar o uso múltiplo, racional, sustentável e igualitário dos recursos hídricos.

Aparentemente, cresce a conscientização dos governantes sobre a importância estratégica que tem a conservação para promover políticas de desenvolvimento mais justas e sustentáveis.

Fonte: www.ecoagencia.com.br



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