Pegada ecológica

Data: 16/08/2010

Pegada ecológica



Marco Clivati*

Estamos longe de vivermos de forma sustentável. Não é de hoje que a humanidade vem consumindo recursos naturais a uma velocidade muito mais elevada do que eles são capazes de se renovarem. Para tentar quantificar o tamanho desse impacto ambiental causado pelos seres humanos, o conceito pegada ecológica (Ecological Footprint) deu seus primeiros passos no começo dos anos 90. Surgiu com o objetivo de medir a quantidade de terra e água que seria necessária para sustentar o consumo da população mundial.

Como envolve uma série de variáveis para ser calculada, a partir de 2006, a pegada ecológica começou a ganhar metodologias com padronizações internacionais e vem sofrendo novas adaptações ano após ano. Representada pela unidade hectare global (”gha”, proveniente de global hectare), basicamente, a pegada ecológica é calculada levando-se em consideração toda a quantidade de terra produtiva, água e outros recursos naturais que são gastos para produzir tudo o que usamos e para absorver tudo o que descartamos.

Segundo a organização Global Footprint Network, hoje, a pegada ecológica da humanidade excede em 40% a capacidade que o mundo tem de se regenerar. Ou seja, seria necessário 1 ano e 5 meses para a Terra recuperar tudo o que é consumido pela população mundial em um ano. Se mantivermos esse ritmo, até meados da próxima década, iremos precisar de dois planetas Terra para manter nosso estilo de vida atual.

Como, por incrível que pareça, só temos um planeta Terra, para não comprometer a sustentabilidade global, cada indivíduo no mundo deveria ter uma pegada de, no máximo, 1,8 gha. Só que nossa conta com o planeta já está no vermelho desde meados dos anos 80. Hoje, a pegada ecológica média mundial é de aproximadamente 2,6 gha.

No cenário global, os países ricos são os grandes devedores dessa conta ambiental. Nos EUA, por exemplo, a média da pegada ecológica de cada americano é de 9,0 gha. Se hoje, cada indivíduo no mundo tivesse os hábitos de consumo dos americanos, precisaríamos de cinco planetas Terra. Um verdadeiro rombo para os cofres do ecossistema planetário.

Toda essa introdução sobre pegada ecológica foi para falar de uma recente notícia anunciada pela Sony. A empresa japonesa anunciou o lançamento de uma nova campanha, batizada de Road to Zero. Não se trata de nenhuma iniciativa para mostrar uma nova linha de equipamentos inovadores, mas um plano que pretende quebrar muitos paradigmas dentro da empresa nos próximos anos. O Road to Zero é focado em quatro metas: mudança climática, conservação de recursos, controle de substâncias químicas e biodiversidade. A longo prazo, mais precisamente até 2050, o programa tem a ambiciosa meta de transformar a Sony em uma empresa de pegada ecológica zero.

Já a médio prazo, a empresa também anunciou metas interessantes. Até o início de 2016, a empresa pretende reduzir em 30% o consumo anual de energia dos seus produtos, reduzir em 50% a produção de resíduos, reduzir em 14% as emissões de CO2 associadas ao transporte e logística (em relação a 2008) e atingir a taxa de 99% de reciclagem de seus resíduos. Uma iniciativa louvável!

Voltando ao título desse artigo, se você quiser saber qual o tamanho da sua pegada ecológica, uma maneira é acessar o site www.myfootprint.org. Depois de responder a um questionário com cerca de 30 perguntas, você vai descobrir qual o tamanho da sua pegada ecológica. Se prepare, pois o resultado pode ser surpreendente e vai fazer você repensar e avaliar se não está na hora de mudar seus hábitos.

*Marco Clivati é Engenheiro Eletrônico e Editor da Revista VídeoSom

(O autor/Mercado Ético)



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