Restauração ambiental: eficaz na geração de empregos

Data: 11/08/2010

Restauração ambiental: eficaz na geração de empregos


Reflorestamento, recuperação de áreas degradadas e de cursos de água geram mais empregos que atividades convencionais. Esse é um dos motivos pelos quais os governos deveriam ver a economia da restauração como um setor que merece investimentos e subsídios. Glenn Hurowitz, diretor do programa de florestas do Center for International Policy, dos Estados Unidos, falou sobre o tema à Página22:

Por que a economia da restauração é tão eficaz na criação de empregos? Porque a natureza providencia o capital necessário para a atividade. Além disso, sempre haverá demanda por produtos florestais, e para supri-la é melhor investir em projetos de reflorestamento. Na Indonésia, os sindicatos de trabalhadores hoje lutam para que qualquer atividade madeireira seja feita em áreas reflorestadas. Idealmente você não quer derrubar áreas reflorestadas, mas é melhor fazer isso nelas do que em áreas nativas.

O papel da restauração pode ir além da mitigação e adaptação às mudanças climáticas? A melhor coisa das florestas é que elas oferecem múltiplos benefícios, não somente para o clima. Elas garantem diversidade biológica, água limpa, ar limpo. Mas podemos ver além e medir muito bem seus benefícios econômicos em termos de empregos gerados. As atividades de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas criam 74% mais empregos do que qualquer outra atividade econômica nos EUA. Se pesquisarmos globalmente, vamos encontrar resultados semelhantes.

Por que a restauração não é percebida como um setor econômico? Os governos ainda não percebem o valor da natureza – água e biodiversidade são consideradas recursos exploráveis sem custos. Não é difícil ver os benefícios econômicos da natureza e da restauração. Se você for a um parque, verá guardasparque trabalhando; em um projeto de recuperação, há operadores de máquinas; numa área de reflorestamento, há pessoas plantando. Se os governos abrirem os olhos, verão claramente.

A questão é mais política do que econômica? Sim. E de educação também. Todos os anos temos uma conferência nacional sobre empregos verdes que sempre aborda os setores de energia e transportes e deixa de ver os empregos criados por atividades ligadas à terra ou à água. Talvez porque muitas pessoas ocupadas em proteger e restaurar ambientes naturais estão mais preocupadas com os benefícios ecológicos. Podemos ajudá-las a ver os benefícios econômicos do que estão fazendo.

Como engendrar um ambiente político mais favorável para o crescimento da restauração? Um passo é a criação de subsídios econômicos para gerar empregos nesse setor. Na crise financeira, o governo dos EUA criou um pacote de estímulos centrado em energia, transportes e educação, e destinou pouco dinheiro para reflorestamento e recuperação de áreas úmidas, que oferecem níveis altos de geração de emprego por dólar investido. Acho que essa é a realidade no mundo todo, porque as pessoas não se deram conta dos benefícios da economia verde.

Página 22


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