Sustentabilidade como diferencial de competitividade

Data: 15/07/2010

Sustentabilidade como diferencial de competitividade



Por Rudolf Höhn, Colunista de Plurale

Embora tenha batido nesta mesma tecla em artigos anteriores, permitam-me insistir na ideia de que os fatores de diferenciação competitiva entre produtos e serviços sejam no futuro prioritariamente voltados para as questões ambientais e sociais, ou a solução para estas questões estará cada vez mais longe do nosso alcance.

Creio que é cada dia maior a percepção de que o modelo atual de desenvolvimento, através do crescimento quantitativo puro e simples da economia, não é sustentável e, na minha opinião, difícil de proporcionar um futuro brilhante para as nossas gerações futuras. Seja pela exaustão de grande parte dos insumos vitais dependentes da qualidade do meio ambiente, seja pela insatisfação das camadas mais pobres da população mundial, prejudicadas pelo seu próprio crescimento populacional bastante desproporcional em relação às camadas mais ricas, e pela conseqüente falta cada vez maior de oportunidades, ou seja ainda pela irracionalidade das políticas públicas relativas ao tema.

Que tal se buscássemos, além do crescimento econômico quantitativo puro e simples, produtos e serviços que se diferenciem por novos predicados voltados principalmente ao meio ambiente e desenvolvimento social? Não seria este crescimento mais qualitativo? Mais sustentável? O que seria necessário fazer para tornar esta idéia uma realidade?

Eu acredito que isto seria possível se fossemos capazes de mudar o atual paradigma de consumo. Os diferenciais competitivos hoje são calcados principalmente em custo, qualidade, inovação, atendimento, marketing, etc. Muito pouco voltado para as áreas de meio ambiente e desenvolvimento social, embora estejam começando a aparecer progressos em certas áreas. A pratica é atingir no potencial consumidor, através da composição diferenciada destes fatores, a vontade de consumir não apenas pela necessidade real, mas principalmente pelo motivo supérfluo de ter status. O problema é que este paradigma é voltado principalmente para o sucesso individual de alguns, da empresa, ou do governo, em função da sua capacidade de gerar riqueza, riqueza esta medida pelo status do indivíduo, pelo faturamento e lucro da empresa e pelo PIB do país, mesmo que às custas do meio ambiente e desenvolvimento social.

Mudanças de paradigmas não são simples e rápidas de serem realizadas. Dependem de políticas públicas incentivadoras de um modelo de crescimento econômico que priorize a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social, e da introdução no sistema educacional da relevância destes novos valores, e de sua incorporação na composição dos custos de todos os produtos e serviços, já que não haveria consumo onde não houver esses componentes. É também responsabilidade da mídia que deve ter a preocupação, como já se nota em algumas iniciativas, de ressaltar esta mudança de comportamento e seu retorno positivo, divulgando idéias e exemplos de praticas preservadoras do meio ambiente, bem como de iniciativas de inclusão social.

A distinção de status entre as pessoas, empresas e governos precisa privilegiar estes preceitos.


(*) Rudolf Höhn é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabilidade. Presidente do Conselho de Responsabilidade Social da ACRJ, Presidente da ONG Ação Comunitária e Sócio-Diretor da E-Hunter. Foi presidente da IBM no Brasil.




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