Com os óculos da sustentabilidade

Data: 10/06/2010

Com os óculos da sustentabilidade


Denize Guedes*
Foi em março que a sustentabilidade – como a entendo hoje – entrou na minha vida. Era meu primeiro dia de trabalho na equipe de Desenvolvimento Sustentável do Santander, para um projeto de curta duração, e logo trataram de me dar um belo “banho de loja” sobre as iniciativas do banco voltadas para o tema.
Pois bem, qual não foi minha surpresa ao ouvir falar de um jeito de fazer negócios que leva em conta a geração de valor econômico, social e ambiental? Como assim econômico e social? Minha visão, à época, só enxergava sustentabilidade pela ótica do meio ambiente (ok, é com certa vergonha que admito isso agora). Do tipo, uma empresa já pode ser considerada sustentável se pratica reciclagem, envia seus comunicados a clientes em papel reciclado e evita o uso desnecessário de papel na hora de imprimir documentos, não? Já não estaria de bom tamanho? Claro que não!
Foi aí que veio uma das primeiras limpadinhas nas lentes embaçadas dos meus óculos. A prática ambiental é um bom começo, mas a empresa não pode se resumir a fazer só isso. Vamos pegar o caso de um banco – exemplo simples e clareador que me deram. Não adianta nada a instituição ter um lindo programa de coleta seletiva e financiar empresas que exploram a natureza de forma predatória, que desmatam ilegalmente florestas. Ou o de uma firma de entregas expressas que só trabalha com papel certificado, mas não atenta para a segurança e qualidade de vida de seus motoboys.
Ahã… foi aí que comecei a entender que um negócio só é sustentável quando integra os aspectos sociais, ambientais e econômicos em todas as suas decisões.
Outra limpadinha nas lentes veio quando eu descobri o microcrédito. São empréstimos, com taxas e condições especiais, que auxiliam pequenos empreendedores – como costureiras, eletricistas e borracheiros – a exercerem atividades econômicas rentáveis, capazes de gerar inovação e benefícios para a comunidade. Isso também é promover sustentabilidade.
E o que dizer de financiamentos grandes, que podem ajudar empresas a alcançar redução de custos operacionais e benefícios ambientais. Um dos exemplos do banco que conheci, disponível no Banco de Práticas, foi o da processadora de vegetais e alimentos supergelados Nutriz. Eles usaram uma linha de crédito para instalar um sistema de tratamento e reúso de água e passaram a operar com mais eficiência, menor impacto ao meio ambiente e melhor relacionamento com a comunidade local. Bacana, né? Nada mais que inserção da sustentabilidade nos negócios.
Nesses dois meses de banco, aprendi muito. Com meus colegas e vivendo o Espaço de Práticas em Sustentabilidade, programa do banco que tem o objetivo de ajudar as organizações a encurtarem sua jornada na inserção da sustentabilidade. Ah, também tive uma mãozinha do Roberto, viu? Personagem do Curso Online de Sustentabilidade que me ajudou a descobrir esse novo jeito de ver e agir no mundo – e de quem empresto a metáfora dos óculos. Vale a pena conferir!
Dois meses depois, encerrado meu período no banco, saio enxergando bem melhor.

*Jornalista, prestou serviços para a área de Desenvolvimento Sustentável do Santander Brasil.
Mercdo Ético


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