Companhias das áreas de energia, bebidas e saúde apresentam sua visão de sustentabilidade
Quando associadas às estratégias do negócio, as ações de sustentabilidade têm chance efetiva de fazer a diferença. Foi o que mostrou o debate promovido no segundo dia da Semana de Sustentabilidade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) do Rio de Janeiro (ESPM-Rio), em 25 de maio.
Apresentado pela coordenadora da ESPM Social, Bernadete Almeida, e mediado pela professora Patrícia Reis, o evento conjugou apresentação de cases de quatro empresas com debate sobre gestão da sustentabilidade.
Participaram André Moragas, diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Ampla; Flávia Neves, gerente de Responsabilidade Social da Coca-Cola Brasil; Ana Queiroz, gestora da Unidade de Desenvolvimento Sustentável da Coelba; e Virgínio Sanches, superintendente de Comunicação e Sustentabilidade da Unimed-Rio.
André Moragas falou sobre o desafio de alinhar projetos de sustentabilidade ao negócio: como vender energia e, ao mesmo tempo, estimular seu consumo consciente? Com 2,5 milhões de clientes no estado do Rio de Janeiro grande parte em áreas carentes a Ampla descobriu, em pesquisa encomendada à Fundação Getulio Vargas (FGV), que a população tomava energia de graça como forma de compensação pela carência de serviços básicos e desejava saber mais sobre seus direitos e deveres. A educação para o consumo consciente passou a ser fio condutor de nossa política de responsabilidade social, contou o diretor. A empresa criou o Consciência Ampla, guarda-chuva de 11 projetos palestras, oficinas, eventos e outras ações direcionados a comunidades de baixa renda e alto consumo de energia de eletrodomésticos. Já fizemos a troca de mais de 10 mil geladeiras por outras eficientes, e em 2010, serão mais 12 mil, exemplificou André.
No cenário da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), pertencente ao Grupo Neoenergia, os clientes de baixa renda representavam 63% do total. Oito anos atrás, as ações de responsabilidade social eram pontuais, descentralizadas e sem foco de atuação, contou Ana Queiroz. O desenvolvimento da política de sustentabilidade teve início com o diagnóstico das ações e a sensibilização dos colaboradores, com workshops, reuniões e palestras. Uma das principais criações foi o programa Energia para Crescer, que permeia processos, gestão e engajamento do público interno com sustentabilidade. Outros projetos como o Energia Amiga (orientações sobre segurança no uso da energia), Alô Parceiro (canal de comunicação com parceiros da empresa) e Produção Limpa (98,7% das obras realizadas sem supressão vegetal) também foram levados adiante. A experiência na Coelba estimulou a criação de um Comitê de Responsabilidade Social, unindo sete grupos de especialistas, para estender a política de sustentabilidade a todas as empresas do Grupo de forma estruturada e alinhada às estratégias do negócio, informou Ana.
Para Flávia Neves, sustentabilidade traz mudança de cultura. Fazemos negócio de forma diferente e entregamos resultados qualitativamente melhores, destacou. Assim como em todos os países onde a The Coca-Cola Company está presente, o Brasil exercita a sustentabilidade por meio da plataforma global Viva Positivamente, baseada em sete pilares de atuação: água, embalagens, clima, comunidades, portfólio, bem estar e ambiente de trabalho. A capacidade da marca de mobilizar multidões e sua conexão emocional com o consumidor foram considerados na construção da plataforma, afirmou Flávia. Algumas das iniciativas apresentadas foram a captação de água de chuva para utilização em 13 fábricas, o sistema de tratamento de efluentes em 100% das plantas, o apoio a 137 cooperativas de catadores de lixo e 333 estações de reciclagem. É bom para a empresa, para o cliente, para o consumidor, para o meio ambiente. Sustentabilidade é uma relação ganha-ganha, avaliou.
Virgínio Sanches, de forma franca, contou que a Unimed-Rio está revendo sua política de sustentabilidade. Estamos avançando na discussão do tema? Temos coerência entre o discurso e a prática?, questionou. Comunicar o conceito de sustentabilidade no segmento de saúde é uma das preocupações da empresa. Nas campanhas, deixamos de mostrar que saúde se fazia com a melhor ambulância ou helicóptero para falar que o melhor plano de saúde é viver. Isso mudou o perfil de comunicação do segmento, que agora fala em vida, saúde, e não mais em doença, mostrou. Vencedor do prêmio Aberje regional em 2008, na categoria Comunicação e Relacionamento com a Comunidade, o Projeto Arredores reduziu o impacto na região vizinha à empresa, beneficiando o meio ambiente e a população da área do canal do Marapendi e da ilha da Gigóia, na Barra da Tijuca. A empresa criou um núcleo de Educação Digital e outro de Comunicação Audiovisual para as crianças das comunidades e promove um mutirão regular de limpeza do mangue, recolhendo 250 sacos de lixo a cada vez.
Plurale / Nós da Comunicação
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