Negociações climáticas recomeçam com divergências
A segunda rodada de negociações climáticas da ONU começou nesta segunda-feira (31), na Alemanha, com o objetivo pavimentar o caminho para a grande conferência do clima em Cancun (COP 16), no México, no fim do ano. Mas questões inacabadas de Copenhague ainda seguem emperrando as conversas e as duas semanas do encontro em Bonn podem não ser suficientes para ultrapassar todos os obstáculos existentes.
Já no primeiro dia, os antigos rachas entre países ricos e pobres vieram à tona e segundo alguns delegados podem atrasar o início das negociações formais. As diferenças apareceram quando países da América Latina e África disseram que não poderiam basear as conversas no texto publicado pela ONU em meados de maio, que delineia uma gama de possibilidades para combater as mudanças climáticas.
O chefe da delegação sul africana, Alf Wills, disse que o documento coloca muito peso sobre os países em desenvolvimento, devotando todo um capítulo para os cortes de emissões provenientes do Sul, mas não do Norte. É completamente desequilibrado, comentou.
Além disso, um grupo da América Latina, incluindo a Bolívia, Venezuela e Cuba, afirmou que o novo texto enfatiza demasiadamente o Acordo de Copenhague. Esse acordo foi firmado na última hora de Copenhague pelos países do BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China) com os Estados Unidos, e desde então é criticado por ser fraco e sem poderes legais.
A presidente das discussões, Margaret Mukahanana-Sangarwe, do Zimbabue, deve publicar uma versão revisada do texto base no sábado.
Resta saber se as negociações sobre este texto revisado podem recomeçar na próxima semana, disse o chefe da delegação norte-americana Jonathan Pershing à Reuters.
Promessas
Segundo o presidente da UNFCCC ,Yvo de Boer, uma forma de acabar com esta falta de confiança entre os países seria o começo da disponibilização dos US$ 30 bilhões prometidos pelos ricos para o período 2010-2012.
Entretanto, o próprio de Boer e as ONGs presentes em Bonn acham difícil que o dinheiro apareça e temem que caso algum recurso seja realmente liberado, ele seja proveniente de um fundo ambiental já estabelecido e assim não necessariamente represente um avanço no combate às mudanças climáticas.
A Oxfam alertou ainda para a possibilidade cada vez mais crescente de que as nações ricas queiram não doar o dinheiro, mas sim emprestá-lo. Isso poderia criar um novo ciclo de endividamento dos países pobres comprometendo o desenvolvimento econômico mundial.
Seria como você bater no carro do seu vizinho e ai oferecer um empréstimo para cobrir os estragos, afirmou Antonio Hill, da Oxfam.
Ao todo 4500 representantes de governos, empresas, indústrias, ONGs e instituições de pesquisa estão na Alemanha.
(CarbonoBrasil)
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