Negociações climáticas recomeçam com divergências

Data: 02/06/2010

Negociações climáticas recomeçam com divergências



A segunda rodada de negociações climáticas da ONU começou nesta segunda-feira (31), na Alemanha, com o objetivo pavimentar o caminho para a grande conferência do clima em Cancun (COP 16), no México, no fim do ano. Mas questões inacabadas de Copenhague ainda seguem emperrando as conversas e as duas semanas do encontro em Bonn podem não ser suficientes para ultrapassar todos os obstáculos existentes.

Já no primeiro dia, os antigos rachas entre países ricos e pobres vieram à tona e segundo alguns delegados podem atrasar o início das negociações formais. As diferenças apareceram quando países da América Latina e África disseram que não poderiam basear as conversas no texto publicado pela ONU em meados de maio, que delineia uma gama de possibilidades para combater as mudanças climáticas.

O chefe da delegação sul africana, Alf Wills, disse que o documento coloca muito peso sobre os países em desenvolvimento, devotando todo um capítulo para os cortes de emissões provenientes do Sul, mas não do Norte. “É completamente desequilibrado”, comentou.

Além disso, um grupo da América Latina, incluindo a Bolívia, Venezuela e Cuba, afirmou que o novo texto enfatiza demasiadamente o Acordo de Copenhague. Esse acordo foi firmado na última hora de Copenhague pelos países do BASIC (Brasil, África do Sul, Índia e China) com os Estados Unidos, e desde então é criticado por ser fraco e sem poderes legais.

A presidente das discussões, Margaret Mukahanana-Sangarwe, do Zimbabue, deve publicar uma versão revisada do texto base no sábado.

“Resta saber se as negociações sobre este texto revisado podem recomeçar na próxima semana”, disse o chefe da delegação norte-americana Jonathan Pershing à Reuters.

Promessas

Segundo o presidente da UNFCCC ,Yvo de Boer, uma forma de acabar com esta falta de confiança entre os países seria o começo da disponibilização dos US$ 30 bilhões prometidos pelos ricos para o período 2010-2012.

Entretanto, o próprio de Boer e as ONGs presentes em Bonn acham difícil que o dinheiro apareça e temem que caso algum recurso seja realmente liberado, ele seja proveniente de um fundo ambiental já estabelecido e assim não necessariamente represente um avanço no combate às mudanças climáticas.

A Oxfam alertou ainda para a possibilidade cada vez mais crescente de que as nações ricas queiram não doar o dinheiro, mas sim emprestá-lo. Isso poderia criar um novo ciclo de endividamento dos países pobres comprometendo o desenvolvimento econômico mundial.

“Seria como você bater no carro do seu vizinho e ai oferecer um empréstimo para cobrir os estragos”, afirmou Antonio Hill, da Oxfam.

Ao todo 4500 representantes de governos, empresas, indústrias, ONGs e instituições de pesquisa estão na Alemanha.


(CarbonoBrasil)




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