Produção de urânio contamina água na Bahia, diz Greenpeace

Data: 17/10/2008

Produção de urânio contamina água na Bahia, diz Greenpeace


Segundo o Greenpeace, análises preliminares "mostram que pelo menos duas amostras de água utilizada para consumo humano apresentam contaminação por urânio muito acima dos índices máximos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da legislação brasileira do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama)".

Essa mina de urânio é gerenciada desde 2000 pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), controlada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pelo complexo de extração e produção do yellow cake (concentrado de urânio), gerador do combustível para as usinas nucleares brasileiras.

Procurada pela BBC Brasil, a INB informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não teve acesso ao relatório só irá se manifestar depois de ter conhecer detalhes do documento. O Ministério da Ciência e Tecnologia também informou por meio de sua assessoria de comunicação que não iria se pronunciar sobre o relatório.

Amostras - As amostras foram coletadas em abril deste ano, em um raio de 20 quilômetros, que é a "área de influência direta da mina conforme definido no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do empreendimento", conforme a organização. A análise foi feita por um laboratório independente no Reino Unido.

"Uma das amostras de água foi coletada de um poço artesiano a cerca de oito quilômetros da mina e apresentou concentrações de urânio sete vezes maiores do que os limites máximos indicados pela OMS e cinco vezes maiores do que os especificados pelo Conama", diz o relatório.

Essa amostra continha 0,110 miligramas por litro (mg/L) de urânio, segundo o relatório. A OMS estabelece um limite de 0,015 mg/L, e o Conama, 0,02 mg/L. O relatório diz que a ingestão contínua de urânio pode causar diversos danos à saúde, "tais como a ocorrência de câncer e problemas nos rins".

'Riscos conhecidos' - O Greenpeace afirma que os riscos de contaminação já eram conhecidos. O documento diz que dados obtidos através de pesquisa documental "revelam que os riscos de contaminação da água foram apontados no EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) do empreendimento, sendo, portanto, velhos conhecidos do INB e dos órgãos licenciadores e fiscalizadores da atividade de mineração de urânio, Ibama e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)".

A organização afirma que, segundo moradores, "o INB colhe amostras em intervalos regulares de 60 ou 90 dias para análises" e os habitantes não receberam informações da empresa sobre a qualidade da água. O Greenpeace também afirma que "os processos de licenciamento nuclear e ambiental da INB em Caetité são controversos".




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