Brasil pode ser potência da economia de baixo carbono
O Brasil pode ser uma das locomotivas para a transição da economia mundial à era do baixo carbono, porque possui riquezas naturais que permitem a adoção de fontes renováveis de energia e de variados produtos de biomassa. A afirmação é do economista franco-polonês Ignacy Sachs, fundador do Centro de Pesquisas do Brasil Contemporâneo na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais, em Paris. Em evento realizado nesta terça-feira, 4 de maio, em São Paulo, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Sachs avaliou o atual momento da economia e apontou alguns caminhos a serem trilhados pela indústria.
Ele considera que o mundo segue rumo a uma nova revolução industrial, baseada na saída ordenada da era do petróleo e a adoção de diversas formas de exploração da biomassa. O Brasil se destaca nesse cenário pelas vantagens naturais. Já temos as vantagens naturais, basta associá-las à pesquisa e ao processo produtivo. A conjunção dessas bases é que vai dar ao Brasil vantagens comparativas, destacou.
Diante de uma plateia formada por representantes das federações de indústrias de todo o país, o economista mostrou as vantagens da era do baixo carbono para as indústrias. As possibilidades começam desde a oferta de equipamentos necessários para extrair e processar biomassa, passando pela utilização dos diversos insumos oferecidos pela natureza, que podem ser aproveitados para fabricação de uma gama variada de produtos, como fármacos, cosméticos e outros.
Para o melhor aproveitamento desse potencial oferecido pela natureza, a indústria precisa investir na pesquisa. A indústria tem um papel essencial na exploração sistemática de biomassas e biotecnologias modernas para aumentar a produtividade, afirmou o economista.
Como exemplo de novas demandas geradas para a indústria ele citou a produção de equipamentos flutuantes capazes de processar matérias-primas oferecidas pela população ribeirinha do Amazonas, sem gerar desmatamento ou outro tipo de exploração predatória da natureza. Essa solução ajudaria o aumentar a renda e promover a inclusão social da população, promovendo o desenvolvimento sustentável da região.
O conceito de desenvolvimento sustentável, do qual Sachs foi um dos formuladores, pressupõe não somente o crescimento econômico como a conservação do meio ambiente e a inclusão social.
Agenda da indústria
Nesse contexto de melhor aproveitamento dos recursos naturais, Sachs destacou a importância do uso múltiplo da biomassa respeitando cada bioma. Aquilo que poderá ser produzido no Amazonas será diferente do que pode ser feito nas regiões semi-áridas, explicou.
Ele lembrou do exemplo de Petrolina, em Pernambuco, pólo produtor de frutas a partir de um projeto de irrigação em pleno Sertão, com o uso das águas do Rio São Francisco. A CNI tem uma importante missão de discutir estratégias de desenvolvimento industrial baseadas no uso de biomassa para os diferentes biomas do Brasil. Como as indústrias se integram nesse modelo é a tarefa de casa para os próximos anos, destacou Sachs.
Participaram da palestra Rumo à economia de baixo carbono oportunidades para a indústria brasileira, apresentada por Sachs, a diretora de Relações Institucionais da CNI, Heloísa Menezes, e o gerente executivo de Cooperação Internacional da CNI, Renato Caporali. O próximo ciclo de desenvolvimento da economia mundial terá dois grandes vetores, a inovação e a inclusão da grande base da população. Isso cria uma agenda vasta para a indústria, destacou Caporali, que foi aluno de Sachs em Paris.
A palestra de Sachs é um dos eventos iniciais para a 2ª Conferência da Indústria Brasileira para o Meio Ambiente (Cibma), que ocorrerá em Salvador entre os dias 19 e 21 de maio. Na Conferência, representantes da indústria prepararão a Agenda Ambiental da Indústria, que será entregue aos candidatos à Presidência da República.
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