Esgoto industrial pode alterar ETE

Data: 24/04/2010

Esgoto industrial pode alterar ETE


O processo de tratamento de esgoto da futura Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Bauru, no Distrito Industrial I, pode mudar. Apesar do projeto básico ter definido anteriormente o sistema biológico (reator UASB) para o tratamento e toda a concepção do programa estar ancorada nesta opção, a empresa contratada para realizar o projeto executivo (que define todo o detalhamento da instalação) solicitou a realização de coleta de esgoto, sobretudo em locais de maior concentração do resíduo industrial, para avaliação final.

O presidente do DAE, Rafael Ribeiro, admite que a medida pode alterar o processo final. “A solicitação da coleta de esgoto em diferentes pontos é para trazer segurança à caracterização do processo de tratamento. Como ele não foi apresentado antes, teremos essas informações agora. Vamos apresentar o resultado em audiência pública, com ajuste no projeto se for necessário. É um trabalho para não gerar prejuízo à eficácia do que será tratado na ETE”, contou.

Como a caracterização do esgoto só foi levantada agora, depois do projeto básico pronto, a alteração ou não no processo vai depender da análise. Para tanto, o DAE já está coletando, desde esta semana, o esgoto que chega às principais baixadas das bacias urbanas. Os pontos vão permitir coleta de hora em hora de esgoto de origem domiciliar e dos principais pontos industriais.

A carga poluidora que vem da indústria é a que mais preocupa a empresa contratada, a ETEP Consultoria. “Temos cinco pontos de coleta de esgoto em uma análise por pelo menos sete dias e com sucção do material a cada uma hora. O DAE, em conjunto com a Unesp, vai apresentar a caracterização das amostragens e vamos gerar os relatórios analíticos do afluente do esgoto bruto, com a posição da quantidade de poluição (DBO). A análise vai trazer diversos outros elementos, como quantidade de oxigênio e de sólidos suspensos”, explica a engenheira responsável pelas etapas do projeto da ETE junto ao DAE, Nucimar Paes.

Segundo a autarquia, o cronograma previsto das instalações dos amostradores automáticos para coleta do efluente bruto, em sete pontos, três dias por 24 horas, sendo coletas de hora em hora (24 amostras por dia), está sendo cumprido em lançamentos de resíduos dos Córregos Água do Sobrado, Córrego da Grama, Rio Bauru, Estações Elevatórias de Esgoto Jd. Vitória e Distrito Industrial III.



Muda o que?


A engenheira do DAE ratifica que a caracterização é quem vai apontar se o processo definido há alguns anos para o funcionamento da ETE do Distrito Industrial I, avaliada em mais de R$ 80 milhões, é o melhor para a situação atual. “Vamos ver se existe esgoto industrial na malha e se isso poderá danificar o sistema de tratamento, feito a partir das bactérias no reator. O estudo vai apontar se os componentes químicos podem paralisar o processo, se a descarga tem concentração sginificativa de químicos a ponto de exigir modificações”, reforça Paes.

Nucimar Paes não acredita em interferências na eficácia do tratamento por micro-organismos em relação ao esgoto doméstico e mesmo de estabelecimentos como oficinas. “É bom ressaltar que elementos como óleo, graxa, se diluem no sistema e a carga não gera interferências na eficácia e funcionamento do do reator. Mas a carga de químicos em alta concentração pode gerar problemas e a coleta vai assegurar essas situações para que o projeto tenha maior segurança”, cita.

Depois da análise, a caracterização da carga poluidora também vai exigir a apresentação de projeto de lei à Câmara Municipal de Bauru para definir regras de destinação de esgoto industrial e critérios de tarifação para situações típicas. “Nos municípios onde já funciona o tratamento, paga um pouco mais quem tiver carga poluidora acima do padrão residencial. Mas isso tem interferência apenas para carga pesada de produtos químicos e em grande concentração”, finaliza a engenheira.


Fonte:http://www.jcnet.com.br/detalhe_politica.php?codigo=181217


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