Saneamento e energia sofrem menos com a crise

Data: 14/10/2008

Saneamento e energia sofrem menos com a crise


_ O setor de infra-estrutura envolve grandes obras, pensadas a longo prazo, e sofre menos influências de oscilações bruscas como as que temos visto_ explica Alcides Leite, professor de mercado financeiro da Trevisan Escola de Negócios. Por conta da estabilidade de suas receitas, o setor de telecomunicações, especialmente telefonia fixa, também vem sendo citado como menos vulnerável às turbulências.

Mariam Dayoub, estrategista-chefe da Arsenal Investimentos, acrescenta que companhias focadas no mercado interno devem sofrer os menores arranhões. “Nesse rol se enquadram vários prestadores de serviços, mas também os fabricantes de alimentos. A demanda doméstica por alimentos continua bastante forte, e esses produtos serão os últimos a serem cortados por uma família em dificuldade”, diz. A avaliação de boa parte dos analistas de mercado vai pelo mesmo caminho – a demanda por comida e bebida é pouco elástica, tanto na bonança quanto na carestia. E, ao contrário de bens duráveis (carros, eletrodomésticos e outros), os bens não-duráveis costumam ser comprados à vista – ou seja, problemas de crédito dificilmente os afetam. “Os gastos com bens duráveis são os mais fáceis de serem protelados em momentos críticos. O mesmo vale para investimentos em imóveis, máquinas, expansão de fábricas”, diz Luciano Nakabashi, professor de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Para o economista Antônio Amado, sócio-diretor da Profins Business School, de São Paulo, mesmo os exportadores de alimentos podem atravessar a crise sem maiores traumas. “Ainda que possa haver uma desaceleração na demanda chinesa, não deve haver uma queda tão grande. Os chineses não deixarão de se alimentar.”

Nesse aspecto, Nakabashi, da UFPR, é menos otimista. “No curto prazo, importadores e exportadores são os grandes prejudicados pela instabilidade cambial e o corte de linhas de crédito internacionais. Os setores que mais ganharam com o crescimento da economia mundial são os mais afetados pelo efeito inverso. Nesse cenário, o setor sucroalcooleiro deve perder ainda mais que seus pares, pois tem alto endividamento em um cenário onde o crédito estará mais escasso e a demanda mundial, mais baixa.”



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