Adesão do Brasil ao LHC custa US$ 10 mi

Data: 01/04/2010

Adesão do Brasil ao LHC custa US$ 10 mi


O Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) vai cobrar US$ 10 milhões (R$ 18 milhões) por ano para que o Brasil possa fazer parte do maior experimento da Física, o Grande Colisor de Hádrons (LHC). O projeto oficial de adesão brasileira será apresentado em junho. Ao lado da Índia, o Brasil poderá estar entre os primeiros países emergentes a se unir oficialmente ao projeto.


John Ellis, diretor de cooperação do Cern, revelou ao Estado que uma proposta está sendo redigida no momento pela entidade, que busca sua internacionalização e não quer mais ser vista apenas como uma organização europeia e americana.

"Tivemos uma reunião há uma semana no conselho do Cern e ficou decidido que faríamos uma proposta concreta ao Brasil", disse Ellis. Segundo ele, a contribuição brasileira será baseada no PIB do País. Mesmo assim, representaria apenas 1% do orçamento do centro europeu. Atualmente, a entidade tem um orçamento de US$ 1 bilhão, grande parte financiada por alemães, franceses, americanos e ingleses.

No fim de 2009, o Ministério de Ciência e Tecnologia iniciou um processo de aproximação do Cern, que poderá ser concluído em 2010.

Ellis, porém, não exclui que o valor e a modalidade da adesão sejam alvos de uma negociação. Segundo ele, a entrada oficial do Brasil no experimento poderia trazer pelo menos três vantagens ao País.

A primeira é que empresas nacionais de tecnologia poderiam participar de licitações para vender suas peças e equipamentos ? o Cern é hoje um dos maiores compradores de tecnologia no mundo. Em segundo lugar, o Cern abriria suas portas para a contratação de físicos brasileiros. Para completar, o Brasil poderia ter voz e voto nas decisões futuras em relação às pesquisas.

Contribuição. Ironicamente, o acelerador não existiria sem a matéria-prima brasileira. Para permitir a aceleração, o equipamento que ontem entrou em funcionamento precisa de nióbio, minério que é praticamente monopólio do Brasil.

No início dos anos 90, o Cern veio ao País propor sua adesão ao experimento, em troca exatamente do minério. O então governo Collor rejeitou a proposta. O Cern, por sua vez, acabou importando o nióbio, evitando a interrupção do projeto. "O Brasil perdeu uma grande oportunidade", afirmou o cientista brasileiro Ignácio Bediaga, que atua hoje no Cern.

No total, cerca de cem brasileiros participam de projetos relacionados com o acelerador, mas de forma externa. São pagos em sua maioria por centros de pesquisas de universidades públicas, como a USP e a Uerj (mais informações nesta página).

O Brasil fornece alguns equipamentos, como um chip com a capacidade de absorver a radiação gerada pelos choques de partículas. O chip acabou sendo batizado como "Carioca" pelos cientistas internacionais que atuam no projeto.

comentários para este post 2comente também

2 Alberto Martinet
31 de março de 2010 | 19h 07Denunciar este comentário

Collor apoia o atual governo desta República. E apoia também a candidata que este governo apontou para suceder ao atual presidente.

Qualquer analogia entre o ex-presidente ao qual faltou visão e a candidata ao posto máximo da nação pode não ser mera coincidência.



1 Leonardo Koppes
31 de março de 2010 | 13h 42Denunciar este comentário

É para se ter uma idéia do que a prepotência e arrogância de um aprendiz de déspota como o Collor pode fazer para acabar com a ciência de um pais. Poderíamos, desde os anos 90 fazer parte desse empreendimento. Muitas tecnologias vão sair de lá e a importância de termos cientistas brasileiros envolvidos é indiscutível. E tudo isso por um acordo para o fornecimento do nióbio de Catalão. É a mesma coisa de propor a construção de um grande telescópio para o Fidel Castro. Uma mente obtusa é incapaz de compreender a importância da ciência. Só para se ter uma idéia, a energia escura, ao que parece, é antigravitacional. Criar um equipamento que sintetize essa energia poderia revolucionar os transportes de longa distãncia, hoje exclusividade de aviões, fazer erguer massas enormes com pouco ou nenhum esforço. Isso pode surgir num futuro próximo em decorrencia dessas pesquisas. É muito pra cabeça de um Collor, não acham?



O Estado de S. Paulo


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