Rumo à economia verde

Data: 19/03/2010

Rumo à economia verde


A mudança de processos produtivos na transição para uma economia de baixo carbono é um desafio que será enfrentado por diversos setores da economia. Para estimular essa transformação foi lançada, na última segunda-feira, (15/03/10) a linha de financiamento Economia Verde, destinada a pequenas e médias empresas do estado de São Paulo. O lançamento ocorreu em seminário realizado pela Agência de Fomento Paulista – Nossa Caixa Desenvolvimento, em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente.
A linha tem como base a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) paulista, que visa reduzir em 20% as emissões na comparação entre 2005 e 2020. Para alcançar essa meta, o estado financiará projetos verdes de empresas com faturamento entre R$240 mil e R$100 milhões a uma taxa de 6% ao ano, por meio do acompanhamento de 25 entidades de classe conveniadas.

Autoridades e especialistas estiveram presentes para discutir os principais desafios e tendências nos processos produtivos na busca por uma economia de baixo carbono. Confira algumas das principais ideias levantadas no evento:
Ignacy Sachs, professor da École de Hautes Études Sciences Sociales de Paris e co-diretor do seu Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo, tratou do contexto ecossocioambiental brasileiro, destacando como os dilemas nesse âmbito podem ser enfrentados simultaneamente, e a necessidade de repensarmos estratégias de desenvolvimento e soluções para um novo modelo econômico.

Segundo Sachs, há uma junção das crises ambiental e financeira que afetam a economia global e uma assimetria severa entre grupos de países que se beneficiam com globalização versus aqueles que sofrem as consequências do crescimento desenfreado. A ampliação da chamada economia social, liderada por associações, foi uma das tendências apontadas para a solução do problema.

“Não se trata de fazer o meio ambiente a bola da vez, e sim de pensar simultaneamente no problema ambiental e no problema da inclusão social buscando soluções que sejam geradoras de um número razoável de empregos”, avaliou.
Sachs observou também o paradoxo do planejamento desmoralizado na era do computador e da tecnologia. Para o professor, é necessário que haja um diálogo para estabelecer estratégias de desenvolvimento entre estado, empresários, trabalhadores e sociedade civil organizada para atualizar o modelo de planejamento.
“Traduzir essas ideias gerais numa série de propostas práticas e viáveis para o funcionamento da economia e das empresas não é algo fácil, mas é um desafio que devemos enfrentar”.
No painel sobre cenários e perspectivas, Fabio Feldmann, Secretário Executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e Biodiversidade, destacou a responsabilidade do poder público em relação ao combate ao aquecimento global, direcionando uma economia de baixo carbono sem a perda da competitividade no mercado.
“Deve-se acoplar políticas e ferramentas, ainda estamos utilizando mal os instrumentos fiscais. Reduzir a taxação sobre uma lâmpada mais eficiente, por exemplo, é uma obrigação do poder público. É necessário dar a oportunidade de fazer boas escolhas”, ressaltou, durante o evento.
Ainda no painel de tendências, José Goldemberg, professor titular do instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), destacou que será crucial para as atividades de financiamento identificar os setores corretos e prioritários para redução de CO2. “No Brasil, o setor fundamental no campo de emissões é o de transporte, com o agravamento da falta de racionalização na área”. No município de São Paulo, apontou Goldemberg, o setor é responsável por 78% das emissões.
No último painel, sobre o setor público e a economia verde, Raquel Biderman, coordenadora do Programa de Mudanças Climáticas do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ressaltou que não existe uma fórmula pronta para a transição para uma economia de baixo carbono, mas que empresas e governos têm mostrado mobilização diante da urgência do tema.
“O setor financeiro não vai mais dar espaço a empresas que não se importam com o tema das mudanças climáticas. No Brasil, devemos investir em tecnologias e grandes centro de pesquisa para sairmos na frente”.
Durante o evento, também foi lançado o concurso “Projetos - economia verde” que tem como princípio estimular os meios acadêmico e empresarial a pensar em projetos inovadores para redução de gases de efeito estufa e premiar as melhores ideias.

Uso eficiente, desempenho econômico, inovação e pioneirismo, replicabilidade, impacto na cadeia de fornecedores e impacto nas comunidades ao redor serão os principais critérios de avaliação dos projetos.

Para mais informações acesse:
http://www.seminarioeconomiaverde.com.br
http://www.nossacaixadesenvolvimento.com.br



(Envolverde/Idéia Socioambiental)


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