Livro mostra efeito da iluminação artificial no meio ambiente
A influência da iluminação artificial sobre o ambiente é o tema do livro Antes que os vaga-lumes desapareçam, que será lançado em março por Alessandro Barghini, pesquisador do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) e do Laboratório de Estudos Evolutivos do Instituto de Biociências (IB) da USP. Na obra, o autor alerta para os efeitos negativos da iluminação sobre plantas, insetos e no metabolismo humano, além de propor medidas de controle da luminosidade para reduzir seus impactos.
Florada de paineiras (a esquerda) orientada na direção das lâmpadas de vapor de sódioA iluminação artificial é responsabilizada por gerar poluição astronômica e excesso de dióxido de carbono (CO2) emitido pela produção de eletricidade, mas o impacto da luz sobre a biodiversidade é muito maior, aponta Barghini. O título do livro faz referência ao efeito da iluminação na reprodução dos vagalumes. Para atrair os machos, as fêmeas começam a brilhar quando a luz ambiente é inferior a 0,5 lux (medida de intensidade luminosa), equivalente a uma noite de lua cheia. Como as luzes artificiais são muito mais fortes, a fêmea não pisca e o macho não é atraído, o que leva a diminuição da população dos insetos.
O livro se baseia na tese de doutorado de Barghini, apresentada no IB, que analisou os efeitos da iluminação em espécies vegetais e de insetos. A vida na Terra não aproveita indiscriminadamente a luz solar, cada espécie se adequou a um comprimento de onda específico, diz o pesquisador. No caso da luz artificial, a radiação ultravioleta pode ser muito maior que a do Sol, cujas ondas são filtradas pela atmosfera, por isso algumas luminárias halogênicas possuem anteparos de vidro para filtrar a radiação.
A obra descreve as características dos principais tipos de iluminação artificial e a influência que exercem sobre plantas, animais e seres humanos. Por exemplo, as luzes de LED brancas, muito difundidas atualmente, possuem uma radiância muito alta na faixa do azul, explica Barghini. Esse comprimento de onda sensibiliza a melanopsina, proteína que gera sinas para o núcleo suprasquiasmático do cérebro, responsável por regular o metabolismo do corpo humano. O organismo entende que o dia está claro e aumenta o ritmo metabólico, podendo causar dificuldades para dormir, acrescenta.
Evolução
A iluminação também pode causar distúrbios comportamentais e até doenças degenerativas, como câncer de mama. O pesquisador explica que embora a iluminação artificial seja vista hoje como um fato natural, ela é um fenômeno recente diante do período de evolução humana. Todas as espécies se adaptaram a escuridão, embora os seres humanos só dêem conta dessa percepção após uma ou duas horas em ambiente não iluminado, aponta. O livro revisa os conceitos de percepção e descreve como ela é modificada pela luz artificial.
No caso dos insetos, que utilizam as luzes noturnas para orientar o vôo, as luminárias acabam prejudicando sua trajetória. Nas plantas, Barghini cita o exemplo da floração de árvores expostas a diferentes tipos de iluminação artificial. Dependendo do comprimento de onda, as lâmpadas podem tanto induzir quanto inibir a florada, conta. Devido a alteração nos ritmos circadianos, as espécies animais podem ter a impressão que é sempre dia. Alguns pássaros nas grandes cidades cantam a noite toda devido a presença da iluminação pública.
As luzes artificiais também podem ser benéficas, segundo o pesquisador, desde que haja o cuidado de avaliar o modo de exposição, para que não cause danos. No exterior, a iluminação é usada em tratamentos com pacientes com Mal de Alzheimer que apresentam distúrbios de sono e em alguns casos de distúrbios psicológicos, afirma. Também estão em desenvolvimento sensores de iluminação associados aos ritmos circadianos, para verificar se há exposição a quantidades excessivas de luz.
O livro será lançado pela editora Annablume, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O lançamento deverá coincidir com a Hora do Planeta, marcada para o dia 27 de março. Na manifestação, que terá escala mundial, todas as luzes deverão ser apagadas por uma hora durante a noite, como forma de alerta sobre a poluição gerada pela produção de eletricidade. O livro pretende aprofundar o debate, mostrando o efeito da iluminação artificial de forma mais ampla.
Veja matéria sobre a tese de Doutorado do pesquisador clicando aqui.
(Imagem cedida pelo pesquisador)
Mais informações: (11) 3091-2549
Fonte : Agencia USP
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Florada de paineiras (a esquerda) orientada na direção das lâmpadas de vapor de sódioA iluminação artificial é responsabilizada por gerar poluição astronômica e excesso de dióxido de carbono (CO2) emitido pela produção de eletricidade, mas o impacto da luz sobre a biodiversidade é muito maior, aponta Barghini. O título do livro faz referência ao efeito da iluminação na reprodução dos vagalumes. Para atrair os machos, as fêmeas começam a brilhar quando a luz ambiente é inferior a 0,5 lux (medida de intensidade luminosa), equivalente a uma noite de lua cheia. Como as luzes artificiais são muito mais fortes, a fêmea não pisca e o macho não é atraído, o que leva a diminuição da população dos insetos.
O livro se baseia na tese de doutorado de Barghini, apresentada no IB, que analisou os efeitos da iluminação em espécies vegetais e de insetos. A vida na Terra não aproveita indiscriminadamente a luz solar, cada espécie se adequou a um comprimento de onda específico, diz o pesquisador. No caso da luz artificial, a radiação ultravioleta pode ser muito maior que a do Sol, cujas ondas são filtradas pela atmosfera, por isso algumas luminárias halogênicas possuem anteparos de vidro para filtrar a radiação.
A obra descreve as características dos principais tipos de iluminação artificial e a influência que exercem sobre plantas, animais e seres humanos. Por exemplo, as luzes de LED brancas, muito difundidas atualmente, possuem uma radiância muito alta na faixa do azul, explica Barghini. Esse comprimento de onda sensibiliza a melanopsina, proteína que gera sinas para o núcleo suprasquiasmático do cérebro, responsável por regular o metabolismo do corpo humano. O organismo entende que o dia está claro e aumenta o ritmo metabólico, podendo causar dificuldades para dormir, acrescenta.
Evolução
A iluminação também pode causar distúrbios comportamentais e até doenças degenerativas, como câncer de mama. O pesquisador explica que embora a iluminação artificial seja vista hoje como um fato natural, ela é um fenômeno recente diante do período de evolução humana. Todas as espécies se adaptaram a escuridão, embora os seres humanos só dêem conta dessa percepção após uma ou duas horas em ambiente não iluminado, aponta. O livro revisa os conceitos de percepção e descreve como ela é modificada pela luz artificial.
No caso dos insetos, que utilizam as luzes noturnas para orientar o vôo, as luminárias acabam prejudicando sua trajetória. Nas plantas, Barghini cita o exemplo da floração de árvores expostas a diferentes tipos de iluminação artificial. Dependendo do comprimento de onda, as lâmpadas podem tanto induzir quanto inibir a florada, conta. Devido a alteração nos ritmos circadianos, as espécies animais podem ter a impressão que é sempre dia. Alguns pássaros nas grandes cidades cantam a noite toda devido a presença da iluminação pública.
As luzes artificiais também podem ser benéficas, segundo o pesquisador, desde que haja o cuidado de avaliar o modo de exposição, para que não cause danos. No exterior, a iluminação é usada em tratamentos com pacientes com Mal de Alzheimer que apresentam distúrbios de sono e em alguns casos de distúrbios psicológicos, afirma. Também estão em desenvolvimento sensores de iluminação associados aos ritmos circadianos, para verificar se há exposição a quantidades excessivas de luz.
O livro será lançado pela editora Annablume, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O lançamento deverá coincidir com a Hora do Planeta, marcada para o dia 27 de março. Na manifestação, que terá escala mundial, todas as luzes deverão ser apagadas por uma hora durante a noite, como forma de alerta sobre a poluição gerada pela produção de eletricidade. O livro pretende aprofundar o debate, mostrando o efeito da iluminação artificial de forma mais ampla.
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(Imagem cedida pelo pesquisador)
Mais informações: (11) 3091-2549
Fonte : Agencia USP
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