Lixo de cidade

Data: 17/03/2010

Lixo de cidade


Efraim Rodrigues, Ph.D. é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores.


Muita gente crê na atuação conjunta do estado, iniciativa privada e cidadãos para resolver problemas ambientais. Não sou um deles. É no cidadão e só nele que começa e termina tudo que diz respeito ao ambiente.

Se sua cidade não tem coleta seletiva, se não há produto sem muita embalagem, se não há aquecedores solares mais baratos, tudo isto não é culpa da indústria que quer explorar oportunidades ou de políticos que querem ganhar votos. Se as pessoas quisessem aquecedores solares e coleta seletiva, o mercado, seja ele de dinheiro ou de votos, ofereceria para elas. Assim chegamos ao lixo.

Se o cidadão separasse o lixo orgânico do reciclável, os lixões é que seriam descartáveis, não os recursos naturais que colocamos neles. Uma vez que orgânicos e recicláveis tenham passado um tempo junto, contaminam um ao outro, prejudicando tanto a compostagem quanto a reciclagem

As duas maiores cidades do Paraná, não por coincidência, vivem problemas parecidos com seus lixões/aterros, com taxas de reciclagem também parecidas, ao redor de 25%.

Reciclar 1 entre cada 4 kg de lixo é excelente se comparado com o resto do país, mas medíocre em si. Isto implica dizer que três em cada quatro cidadãos não compreendem o que é o lixo e para onde ele vai.

Depois de uma década explicando, relativizando e dando a outra face, é chegada a hora de dizer com todas as letras que aqueles que não são capazes de fazer uma coisa banal e sem custo como separar o lixo são retardados mentais e não merecem nem mesmo o termo adequado àqueles que não compreendem a realidade por outras circunstâncias. São retardados mentais porque escolheram estar alheios a realidade.

Londrina e Curitiba se orgulham de reciclar mais lixo, em termos absolutos, que São Paulo. Na cidade que é mais desvairada que paulicéia, somente um porcento do lixo é reciclado e mesmo assim, 35% do reciclado é mandado para o lixão porque a prefeitura da cidade mais industrializada do país não é capaz de encontrar interessados no material. Gilberto Kassab neste aspecto reeditou Paulo Maluf, que mandava os caminhões de reciclagem direto para o lixão.

O recorde nacional de Londrina e Curitiba deve mesmo ser comemorado porque é resultado de muito trabalho, mas não deve nos confundir. Ambas cidades possuem três quartos de retardados mentais.




Fonte: cepambiental .



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