Ambiente: Uma nova oportunidade

Data: 25/02/2010

Ambiente: Uma nova oportunidade


Dois meses depois da fracassada conferência sobre mudança climática em Copenhague, a comunidade internacional se reúne na Ilha de Bali, na Indonésia, para discutir sobre biodiversidade e ecossistemas, promover a economia ecológica e avançar em reformas institucionais. Representantes de mais de 130 países, em sua maioria ministros do Meio Ambiente, abriram ontem a XI Sessão Especial do Conselho de Administração do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e Fórum Ambiental Mundial em Nível Ministerial, para analisar as mudanças institucionais necessárias para facilitar acordos e alcançar mais efetividade diante dos desafios da agenda ambiental.

O Fórum e o Conselho estarão reunidos até amanhã no centro turístico de Nusa Dua, onde também foi convocada uma sessão simultânea e extraordinária da Conferência das Partes dos três convênios que regulam o manejo de químicos perigosos. A conferência simultânea, prévia ao fórum ministerial, terminou ontem com um acordo das secretarias dos convênios de Estocolmo, Basiléia e Roterdã para trabalhar de forma coordenada em nível internacional, regional e nacional. Para o Pnuma, foi um modelo de sinergia que deve ser seguido por todo o sistema.

Na abertura do Fórum o ministro do Meio Ambiente da Sérvia, Oliver Dulic, que atuou como presidente do Conselho, disse que a reunião “permitirá que se enfrente os desafios e a preparação para a Conferência de Desenvolvimento Sustentável de 2012, no Rio de Janeiro”. Essa cúpula, conhecida como Rio+20, em referência aos 20 anos do primeiro encontro no Brasil, deverá ser o ponto de chegada para o processo de reformas. “A janela da oportunidade se fecha”, disse aos ministros o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em carta lida na abertura da sessão. Dulic, por sua vez, apelou para que “todos sejamos flexíveis, construtivos e apresentemos ideias inovadoras com resultados concretos que respondam às demandas dos cidadãos”.

O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, que participou como anfitrião da abertura do encontro, pediu aos ministros que dessem “um grande mandato ao Pnuma e aos fundos para sua realização. Temos de chegar ao Rio com uma ONU mais coerente, mais forte e efetiva”, afirmou. Antes do encontro de ministros, também houve o Fórum da Sociedade Civil, que convocou representantes de organizações de todas as regiões e de grupos como acadêmicos, científicos, camponeses, empresariais, sindicatos, organizações ambientais, de mulheres, de indígenas, entre outros.

As organizações intercambiaram propostas e conseguiram o documento comum com iniciativas que levaram ao Conselho. “É um grande acordo, é a primeira vez em muito tempo que conseguimos isso”, disse à IPS a argentina Cecilia Iglesias, da Rede Ambiental e representante do grupo regional latino-americano. O fórum social expressou sua preocupação com as barreiras que travam sua participação, como falta de fundos ou o acesso tardio aos documentos discutidos pelos ministros. “Para poder incidir de verdade, não basta assistir ou participar de uma cúpula, é necessário discutir a agenda antes, e depois fazer o acompanhamento”, reclamou Iglesias.

Também pediram participação mais ativa na discussão sobre economia ecológica, conservação da biodiversidade e políticas de manejo dos ecossistemas, e reclamaram maior envolvimento nos preparativos da Rio+20 para garantirem que suas vozes sejam ouvidas. A economia ecológica é uma iniciativa do Pnuma para avançar rumo a um modelo de produção menos dependente dos combustíveis fósseis e mais vinculado às energias renováveis, com boas práticas no manejo da terra e maior valorização do “capital natural”.

O economista indiano Pavan Sukhdev, que lidera o projeto de Economia Ecológica do Pnuma, explicou à IPS que capital natural não é apenas recursos para a produção. “É uma fonte de serviços proporcionados pelos ecossistemas limpando o ar ou regulando a água para evitar secas e inundações”, afirmou. A iniciativa foi lançada pelo Pnuma em 2008, em resposta à crise financeira internacional e está baseada na premissa de que os investimentos ambientais geram novos empregos e permitem alcançar múltiplos objetivos relacionados com a mudança climática e a preservação da biodiversidade. Os presentes em Bali analisarão os princípios desta nova economia, com vistas a incluir este modelo como novo paradigma de desenvolvimento na cúpula Rio+20. IPS/Envolverde



(IPS/Envolverde)


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