Desafios da Pesquisa

Data: 18/02/2010

Desafios da Pesquisa


“Os artrópodes são tão importantes como outros grupos taxonômicos. Podem ser extintos, podem causar graves problemas de saúde pública e ainda interferem nos mecanismos de manutenção de florestas e de cadeias produtivas”, quem afirma é Ana Lúcia Gutjahr, entomóloga da Universidade Estadual do Pará (UEPA), durante o I Simpósio de Arthoropoda: Perspectivas do Conhecimento e Valorização, promovido nos dias 9 e 10 de fevereiro, durante o XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia.

A realização do Simpósio teve em vista a promoção de um amplo debate e a valorização dos estudos sobre artropodofauna, maior grupo de animais existentes, cujos representantes são as formigas, mutucas, aranhas, gafanhotos, caranguejos, entre outros.

Um dos focos de reflexão foi a exigência de pesquisas sobre artrópodes nos documentos de estudo de impactos, na conferência de inventários, planos de manejo e monitoramento de fauna. “Estamos buscando uma ação a partir de reflexões conjuntas construídas no simpósio”, explicou Ana Lúcia durante sua explanação.

A idéia é que um documento seja produzido contendo os principais destaques para divulgação, tanto na mídia, quanto no circuito acadêmico. “A UEPA se dispôs a elaborar e doar para as instituições o produto final do simpósio”, esclareceu a pesquisadora.

No primeiro dia de atividades, o evento reuniu especialistas para expor o “Estado da Arte do Conhecimento” sobre alguns grupos de artrópodes, ou seja, pesquisadores foram chamados com o desafio de mapear e discutir as produções acadêmicas sobre esses grupos, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, numa espécie de apanhado geral sobre o desenvolvimento da pesquisa nessa área.

Para o primeiro dia da programação, além de Ana Lúcia, coordenadora do simpósio, participaram os pesquisadores José Wellington de Moraes e Ana Lúcia Tourinho, ambos do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA); além dos pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) Cleverson Santos, Ana Harada e Inocêncio de Sousa Gorayeb, convidado para falar sobre a família dos Tabanidae.

Desafios para pesquisa - Tabanidae são popularmente conhecidos como as mutucas, estima-se que na Amazônia existam entre 150 e 170 espécies descritas. Sendo que na região neotropical (área que compreende a América Central, incluindo a parte sul do México e da península da Baja Califórnia, o sul da Flórida, todas as ilhas do Caribe e a América do Sul), segundo catálogo recente estima-se 1.172 espécies na região, distribuídas em 20 famílias, no entanto, todos os anos, descrevem-se entre 20 e 30 espécies.

Para o especialista Inocêncio Gorayeb, esses insetos podem funcionar como vetores de doenças virais e bacterianas. Mesmo assim, é um desafio conseguir financiamento para pesquisas taxonômicas desse grupo. “O critério é tratar dos doentes, não conhecer os vetores. Isso dificulta a captação de recursos”, criticou o especialista.

Além dessa dificuldade apontada pelo pesquisador do MPEG, as explanações que se seguiram também convergiram para a seguinte questão: ainda há, de modo geral, uma carência de especialistas dedicados à taxonomia de Artrópoda, embora seja imprescindível se fazer levantamentos e inventários. Afinal, como explicou Ana Lúcia Tourinho, o desafio é mapear e identificar as espécies no ritmo acelerado da devastação das florestas.




(Envolverde/Museu Emílio Goeldi)




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