Chuva, meio ambiente e reforma urbana

Data: 11/02/2010

Chuva, meio ambiente e reforma urbana


Estive na semana passada no Norte Pioneiro e minha agenda política acabou substituída de forma dramática pelas fortes chuvas que atingiram a região e pelos imensos danos e sofrimentos das populações atingidas. Acompanhei desde a última sexta-feira as conseqüências das enchentes e sou testemunha da rápida ação do Governo do Estado para reparar as estradas e atender as famílias desabrigadas.

As cidades mais atingidas - como Sengés, Tomazina, São José da Boa Vista, São Jerônimo da Serra e Pinhalão - estão com grandes áreas isoladas devido à queda de pontes e barreiras. Houve pelo menos quatro mortes (em Sengés), três desaparecidos e mais de 4 mil pessoas atingidas nos municípios da região.

Na Grande Curitiba, as chuvas também provocaram graves problemas, particularmente em Campo Magro, onde há 80 famílias desalojadas e que perderam praticamente todos os seus bens.

A previsão é de muita chuva até abril, o que nos faz temer a repetição desse drama. As catástrofes climáticas estão se tornando cada vez mais comuns e mais sérias, e não dá para ignorar que é a ação do homem, sua agressão irresponsável ao meio ambiente, a responsável por esses desastres.

As chuvas, furacões e outros fenômenos, por piores que sejam, não provocariam tantos danos se o meio ambiente não estivesse tão degradado. A destruição das matas ciliares, o desmatamento e outros crimes ambientais, cometidos quase sempre sob os auspícios de grandes interesses econômicos, estão rapidamente condenando o mundo em que vivemos.

O problema é ainda mais sério nas cidades, onde a especulação imobiliária leva milhares e milhares de pessoas a terem, como única alternativa de moradia, áreas de risco, encostas de morros, beira de rios. Os alagamentos e desabamentos se sucedem. As pessoas perdem suas casas, todos os seus bens e, não tão raramente como se supõe, suas próprias vidas.

O Governo do Paraná agiu rapidamente no enfrentamento das conseqüências das enchentes. Todas as medidas emergenciais estão sendo tomadas. O governo federal, por sua vez, deve decidir esta semana a destinação de R$ 394 milhões para socorrer as cidades atingidas pelas enchentes no Paraná, de acordo com informação da secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Maria Valente. É o PAC das Enchentes, cujos recursos estão sujeitos à menos trâmites burocráticos e, portanto, podem ser enviados e utilizados com maior rapidez.

Tudo isso é meritório. Porém, é bom ter claro que com essas medidas estamos simplesmente correndo atrás dos fatos, e não atacando suas causas, impedindo que eles se repitam.

Por isso, merece registro o alerta do governador Roberto Requião que em meio às ações emergenciais de seu governo para minorar o sofrimento da população atingida, chamou a atenção para os problemas ambientais que agravam os danos provocados pelas chuvas.

É importante também apontar que o drama vivido pelas cidades brasileiras nesse período de chuvas intensas só tende a aumentar, e não necessariamente em função de maior precipitação pluviométrica, se não for feita uma profunda reforma urbana, que garanta moradia decente e um meio ambiente sadio para todos.

Luiz Claudio Romanelli, 51, advogado, especialista em gestão urbana, deputado e vice-presidente do PMDB do Paraná – www.luizromanelli.com.br – romaneli@uol.com.br


Fonte: Agora Paraná .


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