Aumenta a responsabilidade Socioambiental das empresas

Data: 04/02/2010

Aumenta a responsabilidade Socioambiental das empresas


O fracasso da Conferência do Clima (COP 15) ampliou o ceticismo mundial quanto à possibilidade de entendimento dos governos para mitigar a emissão dos gases de efeito estufa. A ausência de um acordo entre os Estados, contudo, não deve suscitar a resignação da sociedade. Ao contrário, mais do que nunca é imensa a responsabilidade de cada cidadão e empresa no sentido de contribuir para a contenção das mudanças climáticas. Se o diálogo da diplomacia e da política internacional está truncado, não podemos esperar o trâmite de intrincadas soluções políticas. É preciso agir imediatamente contra a letargia que parece ter sido contagiante após a frustração com o encontro de Copenhague.

O parque empresarial brasileiro e as condições de nosso país contribuem para essa postura proativa em prol do meio ambiente. Somos uma das poucas nações aptas a conciliar preservação/redução da emissão de carbono com índices substantivos de crescimento econômico. A capacidade de contribuição do País é imensa, considerando seu potencial hidrelétrico, suas reservas hídricas e florestais, sua imensa biodiversidade e suas excepcionais condições para a produção de biocombustíveis, em especial o etanol. Tudo isso é estratégico para o advento de uma nova economia ancorada em fontes energéticas limpas e renováveis.

Nesse contexto, é inegável o papel primordial da indústria. Por isso, a Fiesp, representante de um dos maiores parques manufatureiros do mundo, reafirma o compromisso de fomentar a economia de baixo carbono nas fábricas. Com esse propósito, a entidade estabeleceu plano de ação voltado a incentivar os distintos segmentos a realizarem inventários de gases de efeito estufa expelidos, visando a diminuir a emissão. Também está previsto o incentivo à transferência de tecnologia de produção limpa às médias, pequenas e microindústrias.

A indústria paulista defende, ainda, regulação jurídica nacional que estruture o desenvolvimento e defina a natureza jurídica dos créditos de carbono. A partir dessas referências legais, será possível criar mecanismos de financiamento hoje não encontrados no Brasil. Ademais, é necessário reavaliar o procedimento de aprovação dos projetos, essencialmente no que diz respeito à validação, e reduzir a burocracia agregada internamente ao já muito complexo protocolo criado pela ONU. Esses problemas oneram os custos dos projetos nacionais.

No tocante à matriz energética brasileira, a hidrelétrica deve ser mantida como a principal componente, por ser uma das mais limpas. Em caráter complementar, é preciso ampliar o uso de fontes com baixo nível de emissão de carbono, como bagaço de cana-de-açúcar e eólica, reduzindo-se a utilização das térmicas. Outras medidas importantes são o incentivo à eficiência energética e ao consumo racional e a expansão do uso de biocombustíveis no transporte de cargas.

Na área de pesquisa e inovação, é preciso incentivar o desenvolvimento do etanol de segunda geração e incrementar a transferência de tecnologias produtivas e de uso dos biocombustiveis oriundas do Brasil. Medida importante é estimular a transferência dos direitos de propriedade intelectual, com a devida proteção e remuneração, facilitando o acesso de países em desenvolvimento a tecnologias que visem a maximizar os esforços globais de mitigação das emissões de gases de efeito estufa.

Como se observa, a indústria é um dos setores protagonistas nessa epopeia em busca de uma civilização com menos contrastes no desenvolvimento e vida de melhor qualidade. Independentemente dos desacordos entre os Estados na COP 15, é decisivo que a indústria e todos os segmentos empresariais continuem mobilizados em prol da sustentabilidade socioeconômica e ambiental. O Planeta agradece!

Por João Guilherme Sabino Ometto (Engenheiro (EESC/USP), presidente do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade).
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