Preservação do Meio Ambiente = Atitude das Pessoas + Desenvolvimento Tecnológico

Data: 27/01/2010

Preservação do Meio Ambiente = Atitude das Pessoas + Desenvolvimento Tecnológico



Nunca fui muito favorável ao uso de fórmulas matemáticas para definir certas questões. Lembro que uma vez, um professor de física, para demonstrar a importância da sua matéria para estudantes de engenharia, utilizou-se da seguinte fórmula: Engenharia = Física + Bom Senso. Imediatamente após colocar esta fórmula na lousa, um aluno da classe se levantou e disse: podemos concluir, pela mesma fórmula, que Física = Engenharia – Bom Senso.

De qualquer forma, vou me arriscar a utilizar uma fórmula matemática para definir o que penso a respeito da preservação do nosso meio ambiente.

Preservação do Meio Ambiente = Atitude das Pessoas + Desenvolvimento Tecnológico

Estou convencido de que, sem estes dois elementos da equação, dificilmente chegaremos ao nível necessário de preservação do nosso planeta que possibilite condições adequadas de vida à população mundial.

Quando me refiro à atitude das pessoas, estou me referindo tanto àquelas que ocupam lugares de destaque nos governos, nas empresas, associações de classe, organizações não governamentais, escolas, universidades e outros, quanto àquelas que, de uma forma ou outra, são conduzidas ou fazem parte destas organizações. Tomemos como exemplo os governos das várias nações mundiais.

Na minha opinião, não é cabível mais nos dias de hoje a discussão, que ainda faz parte das agendas, entre os países desenvolvidos que poluíram e continuam a poluir o planeta para manter o seu padrão de vida, e os países em desenvolvimento que querem ter o direito de poluir para se desenvolver e elevar o seu padrão de vida. Se ambas as partes visassem o bem comum, seria muito mais fácil encontrar alternativas que levassem a um equilíbrio da equação desenvolvimento/padrão de vida versus poluição. É preciso uma atitude adequada das pessoas que compõe estas sociedades, já que para haver um equilíbrio maior no futuro é mandatório que alguns cedam e sacrifiquem um pouco o seu padrão de vida em prol daqueles que estão muito aquém do aceitável. Felizmente a explosão demográfica está um pouco mais sob controle, pois se hoje o mundo já consome 25 a 30% mais do que é capaz de produzir, ou seja, as reservas estão se esgotando, os animais se extinguindo e as florestas desaparecendo, imaginem o que seria do futuro não muito distante com a população crescendo em proporções geométricas. Um exemplo emblemático do desequilíbrio entre as nações desenvolvidas e as em desenvolvimento é o nível de lixo produzido. Os países desenvolvidos produzem 32 vezes mais lixo do que os em desenvolvimento. A que nível de equilíbrio queremos chegar? O dos países desenvolvidos hoje? Seria sustentável? Claro que não.

Creio que é muito fácil entender que, sem uma mudança drástica de atitude da população deste nosso planeta, dificilmente atingiremos um ponto de equilíbrio aceitável. O problema desta mudança de atitude é que, para atingir este equilíbrio, que não poderá ser o já atingido pelos países desenvolvidos, pois não é sustentável, as pessoas que fazem parte desta sociedade teriam que baixar o seu padrão para um nível aceitável de equilíbrio, e isto só será possível quando elas perceberem que, ao permanecerem na mesma posição, elas provavelmente não deixarão um futuro para seus netos. Talvez quando isto ocorrer, já será tarde demais. Temos que encontrar uma forma de acelerar este processo.

O outro elemento desta equação é o desenvolvimento tecnológico. Este sim poderia trazer benefícios fantásticos e nos levar ao ponto de equilíbrio de uma forma menos traumática para aqueles que precisam ceder um pouco no seu nível de padrão de vida.

Muita coisa está acontecendo nesta área e muita está por vir. Entretanto, o ciclo de desenvolvimento tecnológico tem sido mais lento do que seria o ideal e os investimentos necessários talvez aquém do requerido. Sendo uma pessoa da área tecnológica, tenho muita esperança de que ela seja o fiel da equação do início deste artigo.

* Rudolf Hohn é Colunista de Plurale



(Envolverde/Plurale)


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