Barragens liberam mais água

Data: 23/01/2010
Da situação típica de estiagem para uma condição de capacidade quase total. Assim estão as barragens que compõem o Sistema Produtor Alto Tietê (Spat) as quais, em razão das chuvas, têm um nível de água muito superior à média histórica. Com exceção de Ponte Nova e Taiaçupeba, as outras três represas estão operando próximas do limite. Para evitar o transbordamento das unidades que, além do abastecimento, visam o controle das enchentes, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) ampliou em 44% o índice de água que é solto pelas comportas - o chamado descarregamento - para os rios que integram o sistema. A direção da estatal assegura, no entanto, que a liberação do produto é monitorada 24 horas por dia e, até o momento, não gerou alagamentos nas áreas ribeirinhas ocupadas, apesar do nível alto de água nos rios e córregos.

O Spat é formado pelas barragens dos rios Paraitinga, Biritiba Mirim, Ponte Nova, Jundiaí e Taiaçupeba. A liberação de parte da água que é armazenada por essas represas é um procedimento normal para assegurar que os rios não morram e também porque esses locais têm o sistema de vertimento livre. Ou seja, se a água atinge o topo do reservatório, automaticamente ela passa para o outro lado (o rio, no caso) sem qualquer possibilidade de controle.

A diferença é que do padrão normal de descarregamento de 9.100 litros de água por segundo, a Sabesp ampliou o volume para 13.100 litros/segundo nos últimos meses.

"Estamos fazendo isso desde outubro porque as barragens têm uma capacidade limitada de armazenamento e estamos com um índice muito alto de chuvas", justificou o engenheiro Rodrigo Ferraz Moreira, gerente de Divisão de Recursos Hídricos da Sabesp. "Essa abertura de comporta sempre ocorre e, apesar de acima do normal, a vazão atual ainda é muito pequena para causar problemas", esclareceu.

Com exceção de Biritiba Mirim e de Ponte Nova, as outras três barragens estão com as comportas abertas num patamar acima do normal, de forma que a água armazenada, aos poucos, carreie para os rios que formam a bacia – em especial, o Rio Tietê (veja quadro nesta página).

As situações mais preocupantes se encontram nas barragens de Paraitinga e Biritiba Mirim que estão, respectivamente, com 92% e 94% de suas capacidades. Na represa de Paraitinga, onde há uma comunidade agrícola instalada bem próximo ao Rio, a Sabesp ampliou de 1 mil para 5 mil/litros por segundo o volume de água que sai pelas comportas para evitar transbordamentos. "Se a barragem alcançar o limite, a água vai chegar na lavoura", argumentou Moreira.

Situação semelhante é constatada na barragem de Biritiba, que apesar de uma considerável área de várzea, tem propriedades agrícolas próximas. Ali, no entanto, o descarregamento de água é de 600 litros/segundo.

"Com esse trabalho preventivo conseguimos, mesmo com chuva, baixar o percentual de água armazenada nesses reservatórios, que no final do ano era próximo de 99%", destacou.

Ponte Nova, por sua vez, apresenta a situação mais confortável e que dá uma "folga" à capacidade total do Sistema Alto Tietê, que ao contrário da maioria dos outros existentes no Estado, os quais já ultrapassaram 100%, estava ontem em 78,7%. A situação é tão tranquila que lá a Sabesp reduziu a vazão das comportas para armazenar mais água no reservatório, que está com 73% da sua capacidade.

"Ainda faltam 30% para atingir o limite e, portanto, cabem milhões de metros cúbicos de água em Ponte Nova", observou o engenheiro, ao esclarecer que isso ocorre porque além de ser maior do que as outras quatro barragens juntas, Ponte Nova registrou, no ano passado, uma grande estiagem.

No caso das represas do Jundiaí e Taiaçupeba, que estão em Mogi, a Sabesp ampliou em três vezes ou mais o volume de vazão nas comportas. "Mas ainda é muito menos do que a capacidade de descarga. No caso da represa do Jundiaí, por exemplo, há muita ocupação nas proximidades e a barragem está segurando muita água, o que está contribuindo para evitar alagamentos de áreas como o Jardim Aeroporto", ressaltou Moreira.

Segundo ele, toda essa operação de soltar água das barragens está sendo acompanhada pelas Defesas Civis dos municípios, que no ano passado participaram de um simulado nas chamadas áreas de risco para casos de eventuais transbordamentos das barragens.

Em Mogi, a Defesa Civil está monitorando, principalmente, as áreas da Favela do Cisne (Rodeio), Vila Nova Jundiapeba, Jardim Aeroporto e Jardim Oropó.


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