Por que o Alasca não está livre do petróleo derramado?

Data: 23/01/2010

Por Henry Fountain
New York Times News Service

Quase vinte anos depois que o superpetroleiro da Exxon Valdez derramou quase 11 milhões de galões de petróleo bruto na região do estreito de Príncipe William, no sul do Alasca, tudo já está limpo e natural novamente, certo?

Não exatamente.

Um estudo de 2004 calculou que talvez 25 mil galões de petróleo permaneçam ao longo das praias de cascalho do estreito e estejam se degradando muito lentamente. Isso levantou uma pergunta aos pesquisadores: por que alguma quantidade de petróleo persiste, apesar de uma das maiores limpezas ambientais da história?

Michel C. Boufadel, engenheiro ambiental da Temple University, e um colega, Hailong Li, trouxeram uma resposta. Num artigo publicado na Nature Geoscience, eles relatam que o petróleo ficou preso numa zona de baixa permeabilidade abaixo da superfície da praia.

"Só podemos responder a essa pergunta compreendendo o movimento da água nessas praias", disse Boufadel.

Medições em campo mostraram que as praias têm duas camadas – uma superior, de alguns centímetros até alguns metros de grossura, que é aproximadamente mil vezes mais permeável que a camada de baixo. A composição das duas não é muito diferente, disse Boufadel, mas é bem provável que a compactação pelas forças da maré tenha tornado a mais inferior menos permeável.

Boufadel afirmou que o petróleo flutuante sobre a água permanecia na camada superior até que mudanças no nível d'água permitissem que ele vazasse lentamente para a camada inferior, onde permanece.

"Na camada inferior, não há movimento suficiente nem oxigênio para que o petróleo se degrade", disse ele.

Porém, o petróleo pode ser liberado quando lontras ou outras criaturas cavam nas praias. Até mesmo em seus estudos em campo, contou Boufadel, quando eles cavam até sedimentos mais profundos, "o lugar inteiro fica com cheiro de petróleo".

Uma possibilidade para limpar o petróleo preso, afirmou o pesquisador seria injetar químicos na camada inferior para promover a biodegradação.
Tradução: Gabriela d'Avila



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