Lentidão política ameaça sucesso de encontro sobre aquecimento global

Data: 02/12/2009

Lentidão política ameaça sucesso de encontro sobre aquecimento global


Os dinamarqueses se orgulham de liderar a aplicação de medidas para reduzir as emissões de gases que causam mudanças no clima mundial e certamente terão um bom exemplo para mostrar durante a Conferência das Mudanças Climáticas das Nações Unidas, a partir de 7 de dezembro em sua capital, Copenhague. Mas é grande o risco de que isso seja insuficiente para que o encontro entregue um acordo histórico, com metas e compromissos amplos.


A conferência da ONU juntará 192 países em uma espécie de reunião de condomínio em que cada um tem interesses particulares ao mesmo tempo em que divide áreas com os vizinhos. O uso dos recursos do planeta apresenta um efeito colateral que importa a todos e depende de cada um para ser evitado. A Terra está esquentando e a causa principal está na emissão de gases produzidos pela queima de combustíveis fósseis, destruição das florestas, criação de animais e uso de fertilizantes.

O encontro em Copenhague tem como objetivo estabelecer a forma pela qual o mundo vai reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Cálculos do Painel Intergo­­ver­­namental de Mudanças Climá­­ticas (IPCC, na sigla em inglês) mostram que a temperatura global já subiu 0,74 grau centígrado no último século. Evitar que o avanço ultrapasse os 2 graus, objetivo acertado no último encontro do G-8, exigiria uma redução de até 80% nas emissões dos países desenvolvidos até 2050. Essas nações teriam de aceitar em Copenhague a meta ousada de cortar as emissões em 40% sobre os níveis de 1990 até 2020, em um acordo que substituiria o Protocolo de Kyoto, que tem validade até 2012.

“Há várias questões em aberto. Os Estados Unidos, por exemplo, ainda resistem a um compromisso obrigatório e preferem uma lei interna, com uma meta de 17% sobre as emissões de 2005”, explica Rodrigo Lima, gerente geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone). O número colocado na mesa pelos norte-americanos é um avanço, mas fica abaixo do que outras nações estão dispostas a fazer, o que dificulta um acordo. “A Europa já disse que assume uma meta de 20% a 30%, mas isso traria uma perda enorme de competitividade se os americanos não fizerem o mesmo”, diz Lima.

Outra peça importante para que Copenhague desemboque em um acordo é a disposição dos países emergentes em reduzir suas emissões. Hoje, o maior emissor de dióxido de carbono é a China. A Índia é o quarto maior emissor, atrás da Rússia. O Brasil, entra na lista dos maiores emissores, à frente da Índia, quando são levados em conta os gases liberados pela derrubada de florestas.

“Os países desenvolvidos pe­­dem uma presença maior dos emergentes no cumprimento de um objetivo amplo de redução das emissões”, ressalta Fábio Feld­mann, consultor e ex-secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Brasil e China dão sinais de que apresentarão números. No caso brasileiro, seria uma redução voluntária de até 38,9% sobre as emissões projetadas para 2020. A China fala apenas em reduzir a intensidade no uso de carbono em 45%, sem metas para emissões.




Fonte: Roberto Luiz Nadal Mendes Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. / Gazeta do Povo .


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